"De geração para geração”

Mercearia tradicional de Curitiba é especializada em queijos e itens especiais há 69 anos

Armazem especializado em queijos em Curitiba
Emi Hepp comanda a Riograndense, fundada em 1954 por seu sogro. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Em um pequeno espaço na sempre movimentada Avenida Manoel Ribas, em Curitiba, um comércio desafia empreendimentos cercados de tecnologia e estratégias de venda. O segredo é apostar na história de 69 anos vendendo produtos de extrema qualidade, com um atendimento exclusivo. A Mercearia Riograndense, no bairro São Francisco, é daqueles pontos onde o cliente parece entrar em um portal para o passado.

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Com balcões de madeira e puxadores de metal, ganchos nas paredes, caixas vazias de sucos importados em prateleiras bem-feitas, percebe-se um cuidado com o cliente. O atendimento é das antigas, sem pressa e realizado com perfeição.

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A atual responsável e comandante da Riograndense é a Emi Hepp. Aos 71 anos e com descendência alemã, ela conta que balcão virou sua paixão. “Isso foi minha vida, estou há 44 anos aqui. Não tenho grandes pretensões para o futuro pela minha idade. Quero ter saúde para seguir trabalhando”, disse Emi.

Negócio iniciado em 1954

A história da mercearia começou com o sogro da atual proprietária. Carlos Hepp, em 1954, veio do interior do Rio Grande do Sul trazendo salames para Curitiba. Natural de Carazinho, a 283 quilômetros de Porto Alegre, Carlos chegou na capital paranaense trazendo representações dos salames. Ele iniciou o trabalho no mesmo endereço na Manoel Ribas, mas morreu 20 anos depois. O filho com o mesmo nome assumiu o negócio e se casou com Emi, em 1979.

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Armazem especializado em queijos em Curitiba
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Já com o casal no comando, o modo de operação foi mantido. Dentro da loja, verduras e frutas eram vendidas diariamente ao lado dos frios – queijo, salame, presunto – e de tantos outros itens, que eram armazenados nas prateleiras marrons. Bolachas, macarrão, chocolates, balas e enlatados ganharam espaço entre a clientela, que já havia se tornado fiel.

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“Muito dos nossos fregueses atuais eram pequenos naquela época. Eles comentam que vinham com a vó ou vô, e hoje, trazem os filhos. Isso é gratificante, é de geração para geração”, comentou a proprietária que conta com a ajuda das filhas em alguns dias da semana.

Armazem especializado em queijos em Curitiba
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Chegada dos importados

Na gestão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, teve início a abertura da economia para as importações. A partir disso, comerciantes começaram a procurar produtos de fora do Brasil com preços mais baixos. Carlos Jacob e Emi apostaram em queijos com fama internacional. Francês, suíço, holandês, italiano e uruguaio em grandes formatos, que atraem clientes que antes só tinham acesso a queijos de fabricação nacional.

Armazem especializado em queijos em Curitiba
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

“Facilitaram a importação e foi uma época muito boa para a gente. Os queijos nacionais ficavam nos supermercados e os importados em locais especializados. Tínhamos queijos que hoje são muito difíceis ter, sejam os bries, gorgonzolas, camembert ou o Brillat-Savarin – um queijo de leite de vaca extremamente macio. Hoje, os queijos holandeses são os que mais estão saindo”, explicou Emi.

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Esse amplo conhecimento no atendimento de uma clientela requintada resultou em vendas para várias gerações. O médico Luiz Geraldo Simões de Assis, 65 anos, é cliente há 20 anos e aprecia tudo que está presente na Riograndense. “Eu compro faz muitos anos e não moro tão perto assim. Eles têm uma variedade muito boa de queijos, salames e patês. Se eu quero fazer algo especial em casa, recorro aqui. Atualmente, existem opções em Curitiba, mas antes não era assim”, recorda Luiz.

E o futuro?

Emi acredita que infelizmente as mercearias estão com os dias contados nas grandes cidades. Segundo ela, os herdeiros não têm essa paixão pelo balcão, um exemplo foi a Armazém do Zequinão, no bairro Jardim Social, que fechou em 2021 com a morte do proprietário Gabriel Alceu.

“É uma pena, pois todos lutam, todos têm história. Os familiares nem sempre gostam de ficar no trabalho dos avôs ou pais. Os jovens preferem outras coisas hoje em dia”, lamentou Emi.

Armazem especializado em queijos em Curitiba
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Serviço

RioGrandense
Endereço: Avenida Manoel Ribas, 660 – São Francisco
Telefone:(41) 3023-5329

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