Relembre o caso

Quem matou Tayná? Polícia considera crime resolvido; “diligências seguem”, diz MP

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O Caso Tayná completou 10 anos nesta quarta-feira (28). |Foto reprodução/Arquivo pessoal

O Caso Tayná completou 10 anos nesta quarta-feira (28), data em que encontraram o corpo da garota mergulhado em um poço a poucos metros do local onde ela havia desaparecido. Algumas perguntas do caso continuam sem respostas: Quem matou Tayná? Por que a demora para elucidar o crime? Onde estão os quatro rapazes acusados de cometer o crime? A reportagem da Tribuna do Paraná questionou a Polícia Civil (PCPR) e o Ministério Público do Paraná (MP-PR) sobre o andamento do caso, na tentativa de obter respostas.

Nunca chegou!

Início da noite do dia 25 de junho de 2013. Era por volta das 20h30, quando Tayná Adriane da Silva saiu da casa de uma amiga no bairro São Dimas, em Colombo, região metropolitana de Curitiba, mesmo bairro onde morava. Durante o trajeto para a casa, ela envia uma mensagem para sua mãe, dona Cleusa: “estou chegando”, mas ela nunca chegou em casa.

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Câmeras de segurança flagraram a menina passando em frente a um parque de diversões recém-instalado na região. Poucos metros depois, a garota já desaparece nas imagens de outra câmera de segurança mais à frente. Horas depois, começa a busca desesperada pela garota de 14 anos. Uma busca que acabaria num desfecho trágico.

A menina Tayná, que acreditava virar famosa um dia, passava o mesmo trajeto para ir e voltar do trabalho – a Rua Presidente Farias – a mesma rua escolhida pelo parque de diversões. Horas depois do desaparecimento da adolescente, o local foi incendiado pela população revoltada. O motivo? Boatos de que alguns funcionários do parque, que volta e meia mexiam com as meninas que passavam por ali, poderiam estar envolvidos com a morte da jovem. Polícia Militar, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e Corpo de Bombeiros foram acionados para conter a situação.

“Caso encerrado”

Em entrevista exclusiva à Tribuna, a Delegada Dra. Vanessa Cristina, da Delegacia de Homicídios de Maior Complexidade – que atualmente é responsável pelo Caso Tayná – explicou que no ano de 2013, ano do crime, “foram realizadas várias diligências complementares, tanto entendida como necessárias por parte da Polícia Civil, quanto à pedido do Ministério Público”. A delegada afirmou também que para a Polícia Civil do Paraná o caso está elucidado.

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“No ano de 2018, a autoridade policial que presidia o caso, entendeu que por parte da Polícia Civil estavam concluídas as diligências necessárias para elucidação do caso e, no entendimento por parte da Polícia Civil, isso nunca mudou. Este é um caso elucidado. Porém, desde então, a Polícia Civil vem cumprindo todas as diligências que o Ministério Público entende ser imprescindíveis para o oferecimento da denúncia”, explica.

Quatro suspeitos do crime

No dia 27 de junho de 2013, quatro rapazes, funcionários do parque, foram presos por investigadores da Delegacia do Alto Maracanã, suspeitos de matar e e violentar a jovem Tayná. Na época, Adriano Batista, com 23 anos, Sérgio Amorim da Silva Filho, 22, e Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, chegaram a confessar o estupro da jovem. Além dos três, o irmão de Adriano, Ezequiel Batista, na época com 22 anos, também foi preso. Adriano e Sérgio chegaram a acusar Paulo de ter asfixiado a menina, mas o rapaz negou e apontou Sérgio como sendo o assassino. A polícia apreendeu duas armas falsas, uma pistola e um revólver, e a faca que supostamente teria sido usada para ameaçar a garota.

Apesar da Polícia Civil alegar que não houve tortura, o laudo complementar do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, comprovou que os quatro suspeitos sofreram torturas. Adriano, Sérgio, Paulo e Ezequiel ficaram presos por quase 20 dias e passaram pelas delegacias do Alto Maracanã, Campo Largo e Araucária, locais que teriam sido agredidos por policiais. Eles também passaram pelo Centro de Operações Policiais Especiais (COPE) onde também houve a suspeita de tortura. Em um primeiro momento o grupo chegou a confessar o crime, mas depois disseram que só tinham confessado o assassinato porque haviam sido torturados.

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O advogado Roberto Rolim de Moura Junior, que defendeu os quatro acusados de terem abusado e assassinado a adolescente, confirmou que os funcionários do parque confessaram o crime sob tortura.

“Conversei com os quatro rapazes, e eles declararam que sofreram agressões em pau-de-arara e até empalamento para que fossem forçados a admitir uma culpa que não têm”, declarou Rolim na época, em entrevista à Gazeta do Povo. De acordo com o advogado, os quatro teriam sido coagidos tanto na delegacia do Alto Maracanã, para onde foram levados inicialmente, como no Centro de Operações Especiais (Cope) e na delegacia de Araucária (dois em cada local).

Em entrevista coletiva, os acusados chegaram a mostrar hematomas e até ferimentos graves provocados por uma suposta sessão de tortura. Um dos acusados chegou a mostrar aos jornalistas uma ferida profunda no braço assim que saiu do exame do IML, consequência de um forte aperto da algema.

Naquele ano, um delegado de polícia e onze policiais civis, um agente de Polícia Civil, além de dois guardas municipais, um auxiliar de carceragem, um soldado da PM e dois presos, foram denunciados pelos crimes de tortura.

Inconsistências

Em Julho de 2013, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) solicita intervenção na Delegacia do Alto Maracanã. Familiares e amigos protestam e clamam por justiça em Colombo. Por suspeita de tortura, o Ministério Público pede a liberdade dos acusados do Caso Tayná.

O delegado Guilherme Rangel diz que o esperma encontrado na calcinha de Tayná não é dos quatro suspeitos que confessaram o crime, também não é compatível com o dono do parque de diversões em que eles trabalhavam, nem com o filho do dono. O exame de DNA também apontou que o sangue encontrado no absorvente em que usava Tayná era mesmo da garota.

Em setembro de 2013, o Ministério Público solicitou material genético de 10 policiais, incluindo a do delegado responsável pelo caso na época, Silvan Pereira, para confrontar com o material encontrado no corpo da adolescente.

Em novembro do mesmo ano, os policiais acusados de torturar os quatro acusados pagaram uma fiança de R$ 10 mil para ficarem livres.

Aproximadamente um ano depois, inconformada e com medo, dona Cleusa da Silva, se muda com sua família para outro bairro da cidade, na tentativa também de amenizar a dor de ter perdido sua filha.

Trocas de comando

Durante as investigações, houve trocas de comando nas delegacias relacionadas ao caso, além da troca do Comando Geral da Polícia Civil do Paraná que estava nas mãos do delegado Marcus Vinícius Michelotto, passou a ser dirigida pelo delegado Riad Braga Farhat, que respondia pelo Denarc. Dentro de um prazo de um mês, pelo menos três delegados já haviam passado pelo Caso Tayná. A Polícia Científica do Paraná também passou por mudanças.

Quem são os culpados?

Para a Delegada Vanessa Cristina, não restam dúvidas de que os suspeitos, que hoje seguem no Programa de Proteção à Testemunha, são culpados pelo crime contra a adolescente. Ela também ressaltou a inocência dos policiais civis acusados de torturar os quatro suspeitos. “As alegações de tortura por parte dos suspeitos após terem confessado o crime e terem sido presos, foi uma tese de defesa que, inclusive, foi derrubada pelo Tribunal de Justiça que no ano de 2020 absolveu os policiais das acusações de tortura”.

A delegada Vanessa Cristina ainda informou que a Polícia Civil segue à disposição do Ministério Público e da Justiça e que irá realizar todas as diligências que entenderem necessárias e seguem aguardando o desdobramento do caso.

“O entendimento por parte da Polícia Civil nunca mudou. Sempre foi pelo envolvimento pelos quatro suspeitos que foram indiciados e presos na época dos fatos, inclusive, autores confessos que tinham fornecidos em seus interrogatórios detalhes da dinâmica do crime quanto do local em que a vítima se encontrava, antes mesmo do corpo ser encontrado. Por parte da Polícia Civil é um caso já se encontra concluído e agora o caso está sob responsabilidade do Ministério Público”, completa a delegada.

Novos exames genéticos

A delegada da DHPP contou que ainda neste ano de 2023, foram realizadas as últimas diligências para identificar e ouvir as últimas pessoas com quem a vítima teve contato através das redes sociais em 2013. “Essas pessoas também se submeteram a exames genéticos afim de confrontos com os materiais colhidos no local do crime e não há indícios que as coloquem no local do crime”, detalha Vanessa.

O que diz o Ministério Público?

Em nota, O MP-PR informou à Tribuna do Paraná que:

“De acordo com informação da 2ª Promotoria de Justiça de Colombo, ainda restam diligências em andamento, não havendo paralisação dos autos desse processo, que tramita sob sigilo.”

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