Histórias inspiradoras

Curitibanos se reinventam e fazem sucesso na pandemia, que completa três anos

Curitibanos alcançaram o sucesso profissional durante a pandemia de Covid-19. Fotos: Montagem Tribuna do Paraná/Divulgação

O decreto da pandemia de covid-19 completou três anos em Curitiba no último sábado (11). Ele ainda está valendo, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) não determina o fim oficial desse período tão duro pelo qual passamos. Porém, quase ninguém mais se lembra de que o coronavírus ainda está aí. Tirando o caso dos positivados ou durante o sentimento de dor de uma internação de familiares ou amigos que ainda ocorre, a vida já está seguindo normalmente.

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Apesar do período doloroso para a saúde das famílias curitibanas e para a economia da cidade – e do país –, algumas pessoas deram a volta por cima em seus negócios. É isso que vamos contar em três histórias inspiradoras aqui da capital. Gente que começou uma ideia em em meio ao caos emocional dos últimos três anos e segue tocando a vida com sucesso.

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“Nasce” uma startup

A corretora de imóveis e empreendedora Virgínia Bosch, 37 anos, viu o caos tomar conta da terra quando a pandemia começou. Com dois filhos para sustentar, um deles especial, ela precisava encontrar uma forma de seguir trabalhando, mesmo tendo que ficar mais tempo em casa. “Estou no ramo há 15 anos. Era corretora de plantão, fazia anúncios online, mas por várias circunstâncias decidi abrir imobiliária própria, para conciliar a educação dos filhos com a vida profissional”, conta ela.

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O problema de ter que ficar em home office parecia resolvido. Depois de um ano e meio de pandemia, se virando como corretora, em agosto de 2021 ela abriu a imobiliária. Só que a Virgínia foi além. Com um insight, ela acabou criando uma startup de busca por imóveis que proporciona uma experiência muito mais certeira aos clientes. Nasceu a Yuppins.

Virgínia Bosch criou a Yuppins durante a pandemia. Foto: Ricardo Soca/Divulgação

“Vi que o jeito de buscar imóveis mudou na pandemia. O que antes era busca por número de dormitórios, tipo de imóvel, bairro e preço, se tornou muito mais específico. Distância da empresa, de parques, da casa dos pais, escolas, espaço de lazer e outros. Foi quando pensei numa ferramenta como essa, que me trouxesse clientes com o sonho do imóvel muito mais detalhado, facilitando a venda e o número de saídas para visita, evitando perda de tempo”, revela.

A mãe dela lançou a novidade nos grupos de Whatsapp das amigas. O sucesso foi imediato. Até o prefeito Rafael Greca (DEM) a empreendedora já teve a oportunidade de conhecer, por causa da Feira de Inovação do Vale do Pinhão. “Ele fez questão de tirar foto com o nosso material”, relembra ela. “Também fomos citados pelo vice-prefeito como destaque nesse evento”, completa.

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A Virgínia conta que foi de um grupo de Whats da mãe que saiu um convite de uma professora da FAE Centro Universitário para uma visita. “Foi quando deslanchou. A professora me parabenizou por ter criado a startup e me convidou para um evento. Nesse dia, fui apresentada a um investidor anjo e a Yuppins já está há sete meses no mercado”, comemora.

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A empreendedora conta que o programador que a ajudou a fazer o primeiro modelo da ferramenta se tornou sócio. E, há poucos meses, também entrou no negócio um especialista em marketing digital. “Brinco que sou a SEO do próprio negócio. Mas não faria nada sem o apoio de todos que embarcaram comigo na ideia, quando tudo era apenas nada. Tenho certeza de que tudo seguirá dando certo”, aposta.

O programador é o hoje diretor de tecnologia da startup Paulo Ernesto Fabiani, 30 anos. “Acredito que o potencial de inovação da Yuppins é o fator que me levou a acreditar no projeto. Cada vez mais pensamos em como podemos agregar novas tecnologias para criar ferramentas realmente úteis para quem está buscando um imóvel”, explica.

Segundo a Yuppins, após cerca de dois anos de desenvolvimento, a empresa trilha um caminho que leva a uma ótima experiência de busca no portal. “Além de mantermos um contato direto com nossos anunciantes para tornar a experiência deles cada vez melhor, implementamos ferramentas que facilitam o dia a dia, como nossa nova ferramenta de marcação de áreas para venda diretamente no mapa”, finaliza Fabiani.

De Curitiba para festivais internacionais

Foto: Divulgação/Instagram

Outro projeto que engrenou na pandemia foi o da banda curitibana Dirty Quarentine (algo como Quarentena Suja, do inglês). A banda começou como duo em abril de 2020, quando o casal Matheus Moro, 46 anos, e Carol Cardoso, 39 anos, começaram a sentir falta de entretenimento em meio a confusão que se tornou trabalhar e estudar em casa durante a pandemia.

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“Finais de semana acabaram se tornando dias trabalhados, então resolvemos passar os domingos brincando de tocar. O Matheus é músico experiente, já tocou e toca bateria em diversas bandas da cidade e passou seus conhecimentos para mim, que estava aprendendo bateria há um ano”, conta a Carol.

Nessa “brincadeira”, segundo a banda, eles conseguiram compor cinco músicas, que fazem parte do repertório atual, e tocar fora do Brasil, na Argentina, em Mar del Plata. O som é instrumental, inspirado em bandas como The Cramps, The Mummies e The Courretes.

“Decidimos gravar com um celular vídeo clipes em espaços diferentes da nossa casa, algumas das nossas músicas têm nomes de cômodos como Dirty Living Room, Dirty Garage e Dirty Noise in the Bathroom”, explica Matheus.

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A postagens nas redes sociais como Youtube e rede de amigos amigos próximos agradou. “É o que nos motiva a continuar criando as gravações caseiras que carinhosamente chamamos de tosqueiras”, brinca Carol.

Com o avanço nas vacinações contra o coronavírus, com um pouco mais de um ano da formação da banda, o amigo Alberto Maske, 34 anos, foi convidado para tocar baixo. “Agora somos o Dirty Matheus, Dirty Carol e Dirty Alberto”, explica a Carol.

Em dezembro de 2021, surgiu a primeira oportunidade de tocar em um palco com uma plateia ao vivo, no 92 Graus, espaço lendário de Curitiba que deve fechar as portas em breve. Poucos dias depois, teve o segundo show no bar Lado B.

“O pessoal curtiu nossa proposta e, em 2022, fomos convidados a tocar em diversos bares da cidade. Decidimos então gravar nossas primeiras músicas e lançamos pelo selo Zoom Discos, que é um selo independente da cidade empenhado em lançar bandas autorais. Nosso EP está disponível em diversas plataformas de streaming”, conta Matheus.

Veio então a viagem para a Argentina. A Dirty Quarentine foi tocar no Oleada Psycho, festival de psychobilly, surf music, punk rock e de bandas que misturam todos esses estilos. “Foi sensacional tocar com a brisa do mar passando pelos nossos rostos”, relembra a Carol.

O sucesso da banda de Curitiba é inspirador, marca uma passagem transformadora pelo período difícil da pandemia e pode ser acompanhado pelas redes sociais e em shows presenciais. “Sim, seguimos tocando e com agenda cheia. A gente agradece e não esquece o carinho de todos”, finaliza Matheus.

Mão na massa

Foto: Tribuna do Paraná

Outro negócio de sucesso que surgiu na pandemia, em Curitiba, e segue firme é O Pão que o Viado Amassou. Em 2020, o ator e DJ curitibano Gabriel Castro, 36 anos, ficou sem trabalho por causa da pandemia. Ele resolveu usar o tempo livre para fazer pão e conquistou os amigos. A iniciativa se tornou fonte de renda, ganhou serviço delivery e o trabalho atrelou a alternativa de renda à discussão LGBTQIA+ – inclusive pelo nome.

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Castro fez sucesso nas redes sociais e, no ano seguinte, por volta de outubro de 2021, surgiu a loja física que fica na Avenida Getúlio Vargas, em um conjunto comercial em formato de vila. “Começou com a venda de pão, pão doce, pão para sanduíche natural, focaccias e, com o tempo, foi se tornando um café com opção de lanches para todo tipo de público, inclusive o vegano, e brunch aos sábados”, conta ele.

Com pouco mais de um ano de loja física, o empreendimento se tornou a principal fonte renda. “Venho do teatro. Sou ator, trapezista, circense, mas foi a primeira área que parou na pandemia. Meio que de brincadeira, comecei um negócio e digo que sigo aprendendo a empreender. É a principal fonte de renda e segue o trabalho para expandir”, explica Castro.

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Segundo ele, o negócio esta passando por uma repaginada e segue avançando. Atualmente, são sete colaboradores fixos e um fluxo de taxas rotativas que varia nos feriados e fins de semana. “Às vezes, chegam a rodar de 13 a 14 pessoas”, diz o empreendedor.

Um dos destaques da comida é o famoso Cookie Brilha, decorado com glitter, marcando a relação com o tema LGBTQIA+. “A classe, a categoria, precisa desse foco de união. Mostrar que somos pessoas que se unem e podem fazer coisas legais, por nós e por aqueles que não podem, por algum motivo. A discussão segue e, se não fosse por isso, a loja nem existiria”, reflete Castro.

O empreendedor diz não ter certeza se uma marca exposta da rua com esse posicionamento incentiva outras pessoas a empreender, mas se sentiria feliz se isso acontecesse. “Sim, me sentiria feliz com elas motivadas, contempladas. Ainda precisamos das mãos uns dos outros”, finaliza ele.

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