Entrevista especial para Tribuna

Detonautas em Curitiba: Tico Santa Cruz dá detalhes de show inédito; vídeo

Detonautas toca no Guairão na sexta-feira (22). Foto: Divulgação

Para celebrar os 20 anos do primeiro álbum lançado, a banda Detonautas vai fazer um show em Curitiba nesta sexta-feira (22), a partir das 21 horas, no Teatro Guaíra, no Centro da capital paranaense. A aposta para essa turnê comemorativa são músicas acústicas, trazendo repertórios já conhecidos pelo público e algumas novidades. Os ingressos estão disponíveis no DiskIngressos.

Além de Curitiba, a Detonautas Tour 20 anos – Acústico, formada por Tico Santa Cruz (vocal), Renato Rocha (guitarra), Fábio Brasil (baterista), Phil Machado (guitarra) e André Macca (baixo), também vai passar por outras cidades do Brasil, como Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Natal. No dia 2 de março, a banda se apresentou em São Paulo.

Para uma banda com diversas canções agitadas que compõe a história do rock brasileiro, o show acústico é uma novidade, mas o clima mais intimista atrai e envolve positivamente os fãs que cantam fervorosamente hits que estão gravados na memória, como ‘Quando o Sol se For’, ‘Olhos Certos’ e ‘Você me Faz Tão Bem’.

Para falar um pouco sobre a turnê acústica e a trajetória do grupo, o vocalista Tico Santa Cruz conversou com a Tribuna do Paraná. Veja um trecho do bate-papo e, em seguida, leia a entrevista completa:

O primeiro show da turnê acústica já aconteceu em São Paulo. A data em Curitiba também está se aproximando. Qual foi a experiência da primeira apresentação e qual é a expectativa para o show em Curitiba?

A gente tá super feliz de poder apresentar em Curitiba no Teatro Guaíra, no dia 22, agora sexta-feira, essa turnê de 20 anos do Detonautas Acústico. Em são Paulo a gente teve uma experiência muito bacana, com a casa lotada, os ingressos esgotados. Um público muito grande de fãs do Detonautas, pessoas que conheciam a banda, conheciam todo o repertório. Foi um repertório que a gente apresentou com 24 músicas em São Paulo. Quando acabou o show, a gente conversando, tentando entender como tinha sido toda essa sensação que vivemos ali, entendemos que para Curitiba poderíamos, inclusive, incluir algumas canções. Então estamos preparando para Curitiba um repertório diferente um pouquinho do de São Paulo, tanto no formato, quanto no conteúdo. Acho que vai ser uma experiência bacana também. Estamos super ansiosos para poder pisar no palco do Guaíra, que é um teatro tão importante.

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Por que fazer uma turnê acústica?

A nossa opção pelo acústico foi porque em 2009 o Detonautas lançou um álbum acústico e esse álbum não foi para estrada, por conta de questões da época a gente optou por esperar e acabou que a turnê não aconteceu. Ficou o registro no Youtube e ele frutificou de uma maneira bem surpreendente. Os vídeos desse acústico tem milhões de visualizações. Tem vídeo com 90 milhões, 80 milhões. Então, nitidamente, é um interesse que as pessoas tem por esse formato. Quando a gente foi celebrar os 20 anos da banda pensamos em qual formato seria o mais indicado, entendemos que [seria] o acústico. Foi muito legal, porque a gente conseguiu fazer um trabalho bem bonito e agora vamos poder levar para a estrada tanto o conteúdo de 2009 juntando com o de 2023.

Nesse novo álbum acústico, que não é o primeiro da banda, mas que é o primeiro que está passando por uma turnê, o Detonautas selecionou músicas diversas, de vários momentos do grupo. E tem também novidades. Como que foi o processo de composição de Aposta?

Em 2020 eu comecei a compor porque a gente tinha previsto para lançar o álbum acústico em 2020. Tivemos o problema todo da pandemia, ficou insustentável para qualquer pessoa fazer qualquer movimento naquela época, a gente aguardou e Aposta foi composta naquele momento. É uma música bastante existencial. Eu diria que foi uma forma de eu recapitular a minha vida, entender o que tinha acontecido, posturas que eu adotei, estratégias mentais que eu vivi e que de repente não funcionavam mais para mim. E ela fala isso na letra “me afastar de tudo aquilo que não me faz bem” ou então me aproximar das pessoas, da minha família, meus amigos, minha música e da banda. Então é uma música que trata desse assunto, é uma aposta, como ela mesmo diz, no amor. Enfim, a gente tá apostando na contramão, em algo que a gente acredita ser algo muito importante que é o amor fraterno, o amor revolucionário que a gente sempre fala nos shows.

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É aniversário de 20 anos do álbum de lançamento, bastante tempo na estrada. Qual é o momento atual do Detonautas?

O momento atual do Detonautas é de maturidade, de entender qual é o nosso papel dentro do cenário musical brasileiro, do rock nacional. Construir pontes nos lugares que de alguma maneira a gente se afastou nos últimos anos. Eu acho que existe uma movimentação em torno do rock, a gente tem visto turnês grandes de artistas brasileiros que fizeram shows em grandes estádios. Eu acho que há uma disponibilidade maior do público. Então a gente conseguiu entender isso que está acontecendo, canalizamos a energia para o acústico, para nossas turnês, porque em paralelo também continua a turnê plugada. Estamos em um bom momento, vivendo uma fase muito bacana com a agenda cheia. Administrando bem essa etapa e crescendo, que eu acho que isso é importante, conseguir avançar tanto na parte criativa quanto na parte de produção e de shows. Acho que estamos indo para esse caminho.

Tico, olhando para o grande leque de vertentes do rock, vimos o retorno de algumas bandas e o resgate de algumas memórias. Para você, qual é o cenário do rock no Brasil hoje?

Bandas que conseguiram construir um legado estão usufruindo disso agora. O Titãs, por exemplo, mostrou muita potência na turnê que fez. O NX Zero também surpreendeu muita gente fazendo shows em grandes estádios, graças ao repertório, ao trabalho que foi feito durante o período que eles estavam na ativa. Eles voltaram para reviver esse momento e eu acho que foi muito bacana isso. Ecoa, de certa forma, para todas as bandas. E o Detonautas nunca parou nesses 26 anos. Juntando essa movimentação do público para participar dos shows, o rock voltando a ter uma boa visibilidade no cenário nacional e a gente está usufruindo desse espaço. Acho que a última coisa que falta, eu diria que para poder consagrar o movimento brasileiro, são bandas novas conseguirem [ter mais visibilidade] para poder oferecer opções para a galera que tá aí. Então a gente fica nessa expectativa. Do que cabe da nossa parte, estamos jogando lenha na fogueira para poder fazer a coisa funcionar.

Quanto falamos de bastante tempo de banda, além da parte do trabalho, nós também falamos da vida pessoal de cada um. E isso não fica restrito, a galera que acompanha o Detonautas desde o início da formação também viveu junto esses mais de 20 anos. Como que é perceber esse crescimento do público?

É muito positivo e produtivo, porque a gente percebe que nossas músicas também passaram a fazer sentido de uma forma diferente para algumas pessoas. Existe uma reaproximação de muita gente que foi viver outros estilos, outras etapas da vida e eu acho que esse é o grande tesouro que nós temos, que é o legado, o que a gente construiu. Quando você pega hoje nas redes sociais a velocidade com a qual se consome música, fica a dúvida se a geração que tá usufruindo desse mecanismo hoje vai conseguir usufruir disso no futuro. Por conta dessa velocidade toda que a gente ta vivendo. Então as vezes parece ser um pouco descartável, não o trabalho das pessoas, mas a maneira como o público consome. E eu acho que as nossas músicas contam histórias. E quando você vai amadurecendo você vai se conectando mais com uma, de repente aquela que não fazia sentido passa a fazer.

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Com o público mais jovem, como é a comunicação?

Nos nossos shows aparecem bastante jovens, principalmente nos shows abertos. [Em lugares permitidos] percebemos uma movimentação muito grande de crianças, adolescentes. Alguns nunca tiveram contato com uma banda de rock, é a primeira vez. Então acho que isso é muito bacana porque cria uma iniciativa para que eles possam, de alguma forma, também se conectar com a banda. E vem através do pai, mãe, família, que é uma força muito poderosa de influência.

Tico, o Detonautas sempre se posicionou em pautas sociais e assuntos políticos. Podemos falar que isso faz parte do DNA da banda?

Detonautas é uma banda que desde os anos 2000, quando a gente começou nossos primeiros trabalhos, sempre colocou nas letras questões relacionadas a alma humana. Então a alma humana vai passar por todos esses prismas. A questão social, política, existencial, romântica, afetiva. Então acho que o nosso trabalho é bem amplo nesse sentido, porque ele aborda, sempre abordou. E sempre que for necessário da nossa mente sair algum tipo de produção que possa dialogar com o momento para poder trazer uma luz para algum debate, entendo que através da arte funciona melhor.

São 20 anos do álbum de estreia, mais de 20 anos da formação da banda,. O Detonautas que começou lá em 1997, em uma conversa pela internet quando isso nem era comum, imaginava uma estrada longa e de muito sucesso?

Eu vou te falar com toda a sinceridade. Quando eu comecei essa história de procurar as pessoas lá em 97, nas minhas fantasias de adolescente eu obviamente sonhava em ser um rockstar (risos). Eu queria tocar em estádio, tocar para grandes plateias, eu sabia que tinha uma etapa para ser cumprida para chegar nesse lugar. Mas o sonho tava ali desde o começo. Acho que muita gente faz e diz que “eu faço para mim, não faço para as pessoas”. Eu faço para as pessoas, eu queria que elas estivessem ali junto com a gente e elas estiveram o tempo todo e continuam junto. Então, sim, acho que ao olhar para frente você não consegue, obviamente, visualizar tudo o que vai acontecer, mas consegue projetar de alguma maneira os seus sonhos. A gente não podia determinar como seria, mas estamos experimentando e deu certo.

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E para o futuro, quais são as expectativas do Detonautas?

A nossa expectativa agora é que a gente consiga levar essa turnê do acústico para muitas cidades no Brasil. Começamos com cinco cidades, agora tá começando a vir uma demanda do Nordeste. A região Sul também, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é uma região que pretendemos fazer uma passagem. Então acho que quanto mais a gente conseguir avançar com o acústico, mais as pessoas vão entender e conhecer melhor o Detonautas. E essa é uma oportunidade muito boa pra gente conseguir acessar essa turma toda que nos anos 2000 foi nosso público e que agora está vivendo outras questões da vida, mas pode retornar para poder relembrar todos esses sucessos e cantar junto com a gente.

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