Entrevista exclusiva

O império de Joanir Zonta: fundador da Rede Condor quer mais ‘figurinhas’ em seu álbum de negócios

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Personalidade conhecida principalmente pelos paranaenses e catarinenses, Pedro Joanir Zonta é um empreendedor nato. É possível que a aptidão pelos negócios já tenha nascido com ele, como um dom, ou talvez tenha aparecido aos 8 anos, quando ele vendia ameixas na beira da Rua Nicola Pelanda, no Umbará, em Curitiba – como ele mesmo conta. Fato é que Joanir construiu o próprio império: o Grupo Zonta.

Atendendo mais de 60 milhões de clientes por ano e com 96 unidades, entre supermercados Condor, atacarejos Gigante Atacadista, atacados da rede de varejo Hipermais (que por sinal terá uma inauguração nesta semana), postos de combustíveis, indústria de plásticos injetáveis CIPLA, Shopping Joinville, matriz administrativa, serviços financeiros e também a aquisição mais recente, a Ouro Fino, o empresário segue de olho nas inovações e possíveis novos investimentos.

Prestes a completar 73 anos, celebrado no dia 26 de abril, Zonta recebeu a equipe da Tribuna do Paraná no escritório que fica dentro do primeiro supermercado Condor, inaugurado em 10 de outubro de 1978, na Avenida Winston Churchill, no Pinheirinho.

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Em uma sala grande, com quadros de santos católicos, uma estante cheia de carros e outros artefatos de corridas da Stock Car e uma estátua da ave Condor – aquisição que o empreendedor trouxe no colo durante uma viagem que fez ao Chile e que fica posicionada ao lado da mesa, Zonta senta na cadeira principal e conta a própria história com tranquilidade.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Com postura descontraída, segurando uma caneta na mão e com um sorriso no rosto, ele relembra que a história no setor supermercadista começou em março de 1974, quando adquiriu um mercado de 110m² com cinco colaboradores. Sem saber como funcionava o negócio, depois que fechava as portas do empreendimento, Zonta corria nos concorrentes para analisar o que eles faziam. “Analisava a exposição, os produtos que eles trabalhavam. Os produtos que me interessavam eu comprava uma embalagem para ter o telefone e fazia contato, ia comprando e os clientes gostando. Então isso foi o que impulsionou a empresa”, revela.

Outro fator que ajudou o negócio a prosperar foi a construção da Petrobras em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Zonta explica que tinha um vizinho que fazia marmitas para vender nas obras e pegava as mercadorias dele. Certo dia esse vizinho assumiu uma das cozinhas e perguntou se Joanir poderia continuar entregando os ingredientes para ele. A parceria fez sucesso e em pouco tempo as cozinhas vizinhas também contrataram o serviço. “Em 15, 20 dias, eu peguei as 65 cozinhas no canteiro de obras que faziam comida para 8 mil homens”, diz.

Com memória impressionante sobre datas e números, o fundador do Condor lembra que de Cr$ 135 mil [cruzeiros] vendidos em março de 1974, o mercado deu um salto para Cr$ 290 mil no mês seguinte.

O crescimento do Condor foi rápido e pegou até o próprio Joanir de surpresa, que não imaginava que já teria uma filial um ano após construir a primeira loja. Em 1981, havia mercados na RMC, em Lapa e Araucária. “Eu não fazia ideia de que um dia chegaríamos onde estamos hoje”, afirma Zonta.

Apesar de já ter garantido a estabilidade da rede de supermercados Condor, que completa 50 anos em 2024, e investido em novos negócios, Zonta quer mais. O empreendedor nascido e criado no Umbará, ainda quer colar mais algumas figurinhas no seu extenso álbum de negócios.

Questionado sobre as próximas aquisições, o presidente do Grupo Zonta fez suspense, mas comentou que coisas interessantes estão no caminho.

Confira na íntegra o bate-papo que a Tribuna do Paraná teve com o empresário Joanir Zonta:

Tribuna: O primeiro mercado foi em 1974. Como que começou essa história?

Joanir Zonta: Foi em março de 1974 que eu comprei o primeiro mercadinho. Eu nunca tinha feito compra em supermercado, então para mim foi uma surpresa total. Até minha esposa que estava junto falou ‘como é que você vai gerenciar uma loja desse tamanho?’. Por que para quem estava acostumado a comprar em armazém, ver aquele supermercado já era uma loja grande. Eu falei pra ela ‘em 90 dias essa loja vai estar dentro da minha cabeça’. Mas não consegui esperar 90 dias, foi bem rápido (risos). E como eu não conhecia, eu abria a loja 7 horas e fechava 20 horas. Em seguida, ia ver a concorrência.

O grande salto que o Condor deu no início foi que estavam construindo a Petrobras em Araucária e tinha um vizinho que fazia marmitas para vender nas obras. Ele comprava a semana inteira e no domingo acertava comigo. Aí ele veio e falou que tinha aparecido a oportunidade de colocar uma cozinha no canteiro de obra da Petrobras e se eu fornecia ele da forma que já fazia. Eu falei que sim. Só que tinha um problema, ele não tinha carro para levar as compras, tinha que entregar lá. Acertamos. Eu levantava 4h30, preparava o café da manhã e ia entregar. Tinha que entregar o café da manhã, os ingredientes do almoço e da janta. Então eu fazia três entregas. As cozinhas vizinhas viram o trabalho que eu tava fazendo com essa cozinha e, em 15, 20 dias, eu peguei as 65 cozinhas no canteiro de obra que faziam comida para 8 mil homens. Foi o que impulsionou. Tanto que a empresa vendeu no mês de março Cr$ 135 mil [Cruzeiros] e, em seguida, foi para Cr$ 290 mil. E eu só contratei um motorista para fazer as entregas.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Você esperava um crescimento tão rápido?

Não. Eu não fazia ideia de que um dia chegaríamos onde estamos hoje. De forma nenhuma. Na época eu já era casado, tinha dois filhos, tinha que buscar sustento. Então foi mais por esse lado do que propriamente um sonho de ser um grande empresário.

Sentiu um chamado para o mundo dos negócios? Como foi?

Quando eu tinha 8 anos, eu nasci e me criei no Umbará. Na época o Lago Azul era muito famoso em Curitiba. Ia muita gente de Curitiba para lá, era um trânsito grande na Nicola Pelanda. Tinha uns pés de ameixa nos fundos de casa. Eu colhia, colocava em uma cestinha e ia lá vender na beira da estrada. Aquilo me ajudou a conseguir a comprar a minha primeira bicicleta. Então acho que foi aí que começou, que despertou.

Em que momento sentiu que havia conquistado o que queria?

Não cheguei lá ainda (risos). Sempre vai mudando, então a gente quer isso, mas na hora que tá conseguindo isso já não é mais só isso, é mais alguma coisa. E nesses 50 anos foi dessa forma.

A aquisição mais recente do Grupo Zonta foi a Ouro Fino. Como pretende atuar no local?

A Ouro Fino é uma empresa com 125 anos de história, me interessou muito por causa da estrutura que ela tem. São 600 hectares de terra e no centro estão as fontes. Com isso, a preservação das águas naquele local não tem risco de contaminação. Hoje temos seis poços de água. Está sendo trabalhado com dois, que têm capacidade de abastecer o Sul e Sudeste do Brasil. Então a gente vai trabalhar para isso. Só que hoje o equipamento está sucateado e demora praticamente um ano desde o momento em que a gente faz o pedido até a hora que a máquina começa a funcionar. Então estamos nesse processo para ver qual é a máquina e em qual local vamos instalar para aumentar a capacidade.

Acredito que dentro de um ano, um ano e pouquinho, vamos estar com capacidade 20 vezes maior. Hoje a nossa máquina envasa 10 mil garrafinhas por hora. Estamos vendo para colocar uma de 100 mil. Com isso temos capacidade de participar realmente bem em todo o Paraná, Santa Catarina e Sudeste do Brasil. [Pretendemos trabalhar] em um raio, porque a logística da água tem custo alto. Então não podemos, por exemplo, querer ir para o Nordeste, porque o custo fica muito alto. Mas pretendemos [atuar] em um raio de 700 quilômetros em volta da Ouro Fino.

Os empreendimentos do Grupo Zonta se concentram no Paraná e em Santa Catarina. Existe o planejamento de expandir para outros estados?

Na verdade a gente olha muito o lado logístico, que é um custo alto. Então vamos de acordo com o custo logístico, para que não aumente. Por isso que estamos no norte de Santa Catarina, mas hoje já temos uma estrutura em Santa Catarina com uma central de distribuição. Então já dá para expandir lá sem ter o aumento da logística. O nosso foco é Maringá, estamos construindo mais lojas lá e junto com essa loja estamos montando depósito para distribuir para as lojas do norte e de Santa Catarina. São as regiões que estamos com foco em crescimento.

Os investimentos do Grupo Zonta são diversos. Além do Condor, tem postos de combustível, um shopping em Joinville, a empresa de plástico Cipla. Essa decisão de diversificar foi sua?

Até 2014 eu vim só com supermercado. Em 2015, 2016 comecei com postos de combustível. Comecei mais para ter um posto para abastecer a frota do Condor, mas os clientes começaram a pedir e, com isso, estamos com 21 postos. Mas são mais nossos próprios clientes que já se abastecem no [supermercado] Condor e também abastecem nos postos porque confiam na qualidade do produto. E a Cipla apareceu o negócio. É uma empresa [de plásticos] de 60 anos que está presente no Brasil inteiro. Já teve 1.100 colaboradores, hoje está com 320, mas nossa intenção é aumentar. Produzimos mais de 900 produtos diferentes.

Quantos colaboradores o Grupo Zonta possui?

Em torno de 14 mil colaboradores.

Existe algum programa social voltado para os colaboradores?

Tem diversos. Tem participação nos resultados, temos convênio com faculdade para o pessoal se formar em gestão e gerência de supermercado. Inclusive, estamos lançando [um novo programa] agora. Os funcionários vão ter um preço diferenciado dentro do Condor. Isso vai começar agora no mês de maio. A gente vai fazer uma cesta para os funcionários com preço diferenciado do que está hoje.

Zonta, qual dica você dá para quem quer começar e desenvolver o próprio negócio?

Analisar bem antes o que vai fazer, onde vai fazer e como vai fazer. Ver que realmente há necessidade daquilo naquele local, para não entrar onde já está superado, onde já tem comércio demais daquele mesmo segmento. Fator importante também é acompanhar os hábitos do consumidor, que mudam constantemente e a gente tem que ir moldando conforme vão mudando os hábitos. E acompanhar a empresa em detalhes. Uma empresa a gente gerencia todo dia, toda hora, todo minuto. E ter as formas de gerenciamento o mais simples possível. A forma mais simples é fluxo de caixa: quanto eu tenho, quanto eu devo, quanto me falta ou sobra. E acompanhar diariamente isso para não quebrar. Uma empresa não é diferente do que um pai, mãe de família. Se não controlar durante o mês inteiro, vai faltar dinheiro no final do mês.

Quais são os próximos passos do Grupo Zonta? Alguma novidade no caminho?

Estamos construindo, começamos agora, uma bela loja na Mercês, a loja mais central [do Condor]. Nós estamos fazendo com três subsolos. Vão ser 5 mil m² de térreo onde vai a loja, mais 5 mil m² na parte de cima, onde vamos ter uma galeria de lojas e vamos fazer duas torres. Em Maringá, [estamos fazendo] a quarta loja e nela estamos fazendo nosso depósito central para abastecer as lojas do norte. Na sexta-feira (26) estamos inaugurando mais uma loja em Joinville e tem mais uma preparada para começar. Na região de Curitiba, eu acredito que logo sai em Fazenda Rio Grande, Araucária e Tarumã. Esses são os planos de momento que a gente tem para fazer.

Tem coisas que eu acho muito interessantes, mas não posso falar ainda (risos).

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

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