Um brinde à tradição!

Museu da cachaça em Curitiba? Conheça coleção impressionante da bebida mais famosa do Brasil

Orlando Osmar Regis montou o museu que homenageia a cachaça em Curitiba. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Bebida mais tradicional do Brasil, a cachaça costumeiramente é vista de forma preconceituosa por muitas pessoas. E é para desafiar a fama de que é “coisa de bêbado” ou uma bebida de baixa qualidade, que o empresário Orlando Osmar Regis montou um museu em Curitiba que resgata boa parte da história da cachaça de alambique ao redor do país.

Com uma coleção de mais de 2 mil garrafas de marcas que já deixaram o mercado, o museu é parte de um grande empreendimento voltado ao cultivo da cultura cachaceira. O objetivo é valorizar a bebida que, apesar de ser mal vista por muitos brasileiros, se tornou um valioso produto de exportação.

Localizado na movimentada Avenida Senador Salgado Filho, no Uberaba, o Templo da Cachaça é um misto de loja, espaço para cursos e workshops de mixologia (estudo da combinação de ingredientes para fazer drinques), local para eventos festivos e também o que pode ser chamado de “cachaçoteca”, com um acervo de quase 10 mil rótulos de cachaças diversas – além das garrafas do museu, Regis tem uma coleção pessoal com mais de 7 mil garrafas provenientes de todas as regiões brasileiras.

Museu quer valorizar a cachaça que, apesar de ser mal vista por muitos brasileiros, se tornou um valioso produto de exportação. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

“As pessoas ainda associam os consumidores de cachaça àquela pessoa que bebe sem controle no balcão do bar, por exemplo. Mas esses são casos de alcoolismo, que é uma doença que deve ser tratada. O que eu quero valorizar é a qualidade de uma cachaça bem feita, que deve ser degustada sem exageros, tanto pura quanto em drinques que vão além da tradicional Caipirinha”, explica o criador do espaço, que também revela que “colecionou de tudo desde que era criança: selos, chaveiros, moedas e notas de dinheiro, entre outros itens”.

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Curitiba, a capital da cachaça

Ao longo dos anos em que foi formando a sua coleção, Regis se deparou com a enorme quantidade de marcas de cachaça legitimamente curitibanas. Tanto que dedica uma parte importante do museu apenas para rótulos locais, que tem mais de 220 garrafas antigas da então chamada aguardente.

“Curitiba teve uma infinidade de marcas de cachaça, especialmente nas décadas de 60 e 70, apesar de não ter nenhuma plantação de cana-de-açúcar por aqui. O pessoal trazia a cana de diversos locais do Brasil para produzir cachaça”, destaca.

Museu reúne variedade impressionante de cachaças. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

E como parte deste resgate histórico, o empresário revitalizou uma das marcas mais tradicionais da cidade, que já não era produzida há algumas décadas. Criada por imigrantes italianos em 1923, a Trivisan se tornou uma marca tão forte na região que chegou a ser sinônimo da bebida nos bares curitibanos.

“A marca ficou tão popular por aqui que as pessoas iam ao bar e pediam ‘uma Trivisan’, não uma cachaça. Eu fui atrás dessa história e consegui resgatar a marca, dando uma roupagem mais moderna e trazendo uma maior variedade de produtos”, complementa.

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Além da cachaça tradicional, comumente chamada de branca, a marca voltou ao mercado com diversas versões de cachaças envelhecidas em barris de diferentes madeiras, que dão características únicas a cada uma delas.

Fachada do museu. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

“A ideia é ter 15 versões diferentes, reconhecidas pelos números e pelo tipo de madeira nos rótulos, produzidas e envelhecidas em diferentes regiões do Brasil”, explica, lembrando que já lançou 10 dessas versões.

Além da marca histórica que resgatou, Regis produz também a Cachaça Regui Brasil, envelhecida em barris de carvalho, que já conquistou vários prêmios em exposições e encontros de produtores.

Acervo histórico conta com série limitada sobre Oscar Niemeyer

Entre muitos exemplares históricos de sua ampla coleção, Regis destaca uma cachaça especialmente criada para homenagear o arquiteto Oscar Niemeyer. A bela garrafa tem a marca escrita a ouro e faz parte de uma série limitada de 700 exemplares, com valor incalculável.

“Essa garrafa tem gravada uma célebre frase do Niemeyer, que diz ‘se a gente não sonhar, as coisas não acontecem’. E é exatamente assim que eu penso”, destaca.

Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Até pelo valor afetivo de cada garrafa, o colecionador prefere não estipular o quanto valem as bebidas expostas no museu. “Não gosto de falar quanto custa cada cachaça que eu tenho aqui até porque não é isso o que considero mais importante”.

Já em relação às bebidas comercializadas na loja, os preços começam nos R$ 40 e podem chegar a algumas centenas de reais para edições limitadas de algumas marcas consagradas.

Produção da cachaça: os cuidados essenciais

Em sua luta para elevar a cachaça a outro patamar na cultura brasileira, o empresário ressalta a importância do cuidado na produção da bebida. Ele destaca que um dos fatores que faz com que a bebida fique mais refinada e saborosa é a eliminação das “pontas” do processo de destilação da cachaça. Durante esse processo, a bebida passa pelas fases de cabeça, coração e cauda, e somente o coração da cachaça é que deve ser engarrafado para garantir uma melhor qualidade.

Experiente no assunto, Orlando Osmar Regis dá dicas de como preparar a cachaça. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

A cabeça, que compreende os primeiros 10% da destilação, tem um teor alcoólico muito alto e a presença do metanol, que é um álcool tóxico para o organismo. Já a cauda, que são os 10% finais do processo, além de ter muito pouco álcool, concentra substâncias que podem provocar ressaca e dor de cabeça mesmo em caso de baixo consumo da bebida.

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“Quando não se separa a cabeça e a cauda você tem um produto final com paladar inferior, que deixa aquele bafo característico e pode provocar uma sensação de mal-estar após o consumo”, explica.

Drinks com cachaça

Outra forma de valorizar as boas cachaças disponíveis no mercado é ampliando o seu uso em drinques, inclusive com adaptações de receitas famosas.

A cachaça já está presente em dois drinques da lista oficial da Associação Internacional dos Bartenders (IBA, na sigla em inglês). A Caipirinha, preparada exclusivamente com cachaça, limão, açúcar e gelo, integra a renomada lista desde 1997. E no ano passado o popular “Rabo de Galo”, mistura de cachaça com vermute, que pode eventualmente ser decorado com uma tira de casca de limão, também entrou na lista.

Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Mas a bebida pode ser adotada em adaptações de receitas de drinques clássicos, como o italiano Negroni, febre recente nos bares brasileiros.

“O Negroni originalmente é uma mistura de gim, vermute e bitter. Lá na França foi criada uma variação, o Boulevadier, trocando o gim pelo bourbon. Eu me inspirei nessa receita para fazer o brasileiríssimo ‘Boravadiar’, tirando o bourbon para colocar a cachaça no lugar. E tem alguns bartenders que curtiram a ideia e já estão servindo esse drinque”, conta o defensor da bebida mais brasileira de todas.

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