Mudar tudo ou não mudar nada? Falta de convicção é o maior problema do Coritiba

Coritiba, Eduardo Barroca
Eduardo Barroca teve um voto de confiança no Coritiba. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Eis que o domingo (16) foi de longas reuniões no Coritiba. Eu lembro dessa história de ‘longa reunião’ nos clubes no meu tempo de repórter. A maioria delas tinha o mesmo roteiro – o presidente ou homem-forte já chegava com a decisão tomada, havia o convencimento de alguma parte que não concordasse, mas no final acontecia o esperado. No caso alviverde, muito se discutiu para que não se chegasse a conclusão alguma.

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O presidente Samir Namur afirmou, em conversa com a rádio Banda B, que não haverá demissão do técnico Eduardo Barroca e do diretor Rodrigo Pastana – pelo menos por enquanto. Seria um ‘voto de confiança’ com data de validade, a partida de quarta-feira (19) contra o Corinthians, no Itaquerão. A decisão de Namur não foi unanimidade nem entre o grupo que comanda o clube.

O Coritiba tem o chamado G5, e foram esses cinco cartolas que conversaram por horas no domingo, após a derrota do sábado (15) para o Flamengo. Discussão que chegou quase ao ponto do ‘ou ele ou eu‘, por parte de dirigentes que não aceitam mais Rodrigo Pastana no Alto da Glória. Mas nem o executivo nem Barroca perderam o emprego. Uma decisão que pode ser temporária e que reflete a falta de convicção alviverde.

Projeto?

O departamento de futebol do Coritiba vive de acordo com os ventos. No ano passado, o do acesso, a temporada começou com Argel Fucks como treinador – um profissional da escola do tal ‘jogo reativo’, jogar atraindo o adversário pra contra-atacar. Ele caiu e entrou Umberto Louzer, que chegou com o discurso de que era a hora de um time ‘protagonista’.

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Aí caiu Louzer e veio Jorginho, que resolveu apostar num sistema sólido defensivo, que no final garantiu o acesso para a primeira divisão. Mas o lateral do Tetra não renovou – e, segundo o que se comenta, não voltaria hoje com Pastana no comando do futebol. A troca foi por Eduardo Barroca, que privilegia a posse de bola. No longo domingo, todos os nomes citados como candidatos ao cargo tinham perfil diferente do atual treinador.

Samir Namur e Rodrigo Pastana. O presidente deu carta branca ao executivo no Coritiba. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Isso mostra que não há uma real filosofia de futebol no Coritiba. Vai-se ao sabor dos acontecimentos. Rodrigo Pastana, que dirige o setor com mão de ferro, é responsável por isso. Mas também os dirigentes, que deram carta branca ao executivo e hoje não sabem exatamente o que fazer. Tanto que o nome mais falado em uma substituição de Pastana seria Willian Thomas, que foi o líder da criação do DIF no Athletico. Um perfil completamente oposto ao do atual cartola.

Mais erros no Coritiba

A política de contratações também merece ser citada. Hoje o comando alviverde diz que não há dinheiro, mas o clube paga altos salários para alguns jogadores. Atletas que vieram no início do ano, como Renê Júnior e Sassá, não estão rendendo. Jogadores da base são bem menos aproveitados do que a promessa da atual diretoria. E o relacionamento no mercado anda difícil, como ficou evidente na confusão envolvendo Jadson.

Rodrigo Pastana tem muita responsabilidade, mas não é o único culpado no Coritiba. Eduardo Barroca vem sofrendo com a falta de opções em alguns setores, mas também fez indicações que não vingaram. E algumas escolhas dele para o time não estão funcionando. E o G5 coxa repete uma falha de gestões anteriores – acaba se preocupando demais com assuntos errados.

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O Coritiba precisa, antes de mais nada, saber o que quer fazer. Qual é o caminho a ser seguido, o que é preciso fazer e o que é possível fazer neste momento. A partir dessa tomada de posição, é preciso saber se quem está no clube tem condições ou não de contribuir. E quem tem que chegar a essas conclusões são os cinco homens que comandam o clube, em especial o presidente Samir Namur.


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