Quase 14 anos de obras

Trabalhadores não recebem vale, cruzam os braços e obras na Linha Verde param

Obras da Linha Verde
Obras da Linha Verde na região norte de Curitiba. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Um grupo de 200 trabalhadores que atuam em duas obras da Linha Verde, BR-116, cruzou os braços na manhã desta quinta-feira (25) devido à falta de pagamento do vale-alimentação que deveria ter sido efetuado na segunda-feira (22), pela Construtora Triunfo. De acordo com do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Paraná (Sintrapav-PR), a paralisação no trabalho ocorreu em dois pontos da Linha Verde – no trevo do Atuba e próximo ao hospital Vitta, no Bairro Alto.

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Sobre o caso, por volta das 16h desta quinta-feira, a prefeitura de Curitiba informou que os funcionários já haviam voltado ao trabalho nas obras. Mais cedo, no início da tarde, a administração municipal confirmou que está em dia com a empresa e que esperava que o problema fosse solucionado com urgência. Já a construtora preferiu não se pronunciar sobre a questão.

No fim da tarde, o presidente do Sintrapav-PR, Raimundo Ribeiro Santos Filho, o Bahia, também confirmou à Tribuna do Paraná que a empresa fez o repasse dos valores para os cartões de vale-alimentação dos trabalhadores, o que possibilitou a retomada das atividades nas obras.

“A empresa conseguiu efetuar o pagamento do pessoal, mas o crédito ainda não está disponibilizado para os empregados, porque é o Sodexo. Mas, ela (a empresa) mostrou o comprovante para gente. A gente fez uma assembleia e os trabalhadores concordaram, acreditando, de fato, que está pago. Esse crédito deve estar disponibilizado para eles ainda essa noite. Então, o pessoal voltou ao trabalho”. afirmou Raimundo, que ainda ressaltou que se o valor não estiver disponível na sexta-feira (26), as obras podem parar novamente.

Pagamento do PLR

O vale-alimentação para cada trabalhador é de R$ 415 e este atraso preocupou os funcionários quanto aos outros pagamentos que a Triunfo precisa realizar nos próximos dias, como a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e hora extra. De acordo com o presidente do Sintrapav, os profissionais já tinham dado um voto de confiança para a construtora em um acordo realizado em fevereiro.

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“O pessoal já tinha dado um voto de confiança, até entendendo o atual momento do país com a pandemia e tudo mais. O PLR deveria ter sido pago no começo de fevereiro e foi dado um prazo até o dia 5 de março. No entanto, aí o vale não foi pago e causou esta revolta. Estamos falando de comida e o que faz falta para a família. O trabalhador vende o almoço para pagar a janta como a gente diz”, disse Raimundo.

Questionado se o movimento poderia interferir em outros pontos da Linha Verde, o presidente Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Paraná, adiantou que isto pode se estender até para outras regiões do Paraná. “O negócio vai ampliar, tem a trincheira do Seminário, duplicação do trecho Irati a São Mateus do Sul e a mesma empresa tem obra em Cornélio Procópio. Se não resolver isso, segunda-feira (1) serão mais de 1000 trabalhadores parados”, completou Bahia.

E agora?

Em nota divulgada antes da retomada dos trabalhos na Linha Verde, a Prefeitura Municipal de Curitiba informou que está em dia com o pagamento das obras e, por meio da equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Obras Públicas, cobrava providências urgentes da empresa para que o problema fosse solucionado.

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A reportagem da Tribuna do Paraná também procurou a Construtora Triunfo e recebeu a resposta de que a empresa não vai se pronunciar sobre a questão. “A empresa nos passou que está esperando receber recursos e como ela está em recuperação judicial ela não pode atrasar. Estamos querendo ser respeitado e estamos lutando por nossos direitos”, comentou o presidente do Sintrapav.

Quatorze anos de obra

Obra mais demorada da prefeitura de Curitiba, em 2021, a Linha Verde completa 14 anos de construção. A via rápida na antiga BR-476, que liga as regiões Norte e Sul da capital, passou pela gestão de quatro prefeitos: Beto Richa (PSDB), Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT) e o próprio Rafael Greca (DEM).

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Em 2017, a prefeitura recuperou recursos da Caixa Econômica Federal e da Agência Francesa de Desenvolvimento para conclusão da Linha Verde. Porém, em agosto de 2019, o trabalho foi interrompido porque a administração municipal rompeu contrato com a empreiteira responsável pela última etapa da obra, entre os bairros Tarumã e Atuba. Quatro meses depois, em dezembro de 2019, as máquinas voltaram ao serviço com a contratação de um consórcio de empreiteiras.

Na campanha eleitoral de 2020, o prefeito disse à Tribuna do Paraná que mantém em seu plano de governo a proposta de concluir a Linha Verde. “De acordo com os prazos contratuais e conforme já foi amplamente divulgado, a previsão é de que as obras sejam concluídas em 2021, parte até a metade do ano e parte até o fim do ano”, prometeu Greca.