Precisam de novo lar

Protetora e 50 cães podem ser despejados. Saiba como ajudar a salvá-los!

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

A paisagista Marilena Gaissler Moreira, de 58 anos, realiza um trabalho voluntário no qual recolhe, cuida e disponibiliza cães abandonados ou vítimas de maus-tratos para doação. Atualmente, ela atende 52 cachorros que ficam em uma chácara alugada em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Recentemente, o abrigo, chamado Recanto Francisscão, foi selecionado para participar do projeto Sou Solução. O objetivo é arrecadar fundos para construir um hotel para os animais resgatados ficarem enquanto não encontram um novo lar. Entretanto, uma notícia no último mês causou um baque na vida de Marilena: ela e os 52 animais vão precisar sair do espaço até o mês de abril.

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O atual proprietário do imóvel solicitou o terreno e Marilena está aflita para tentar doar o maior número de cães que conseguir em três meses e encontrar um novo espaço para abrigar o restante dos animais.

“Agora eu estou desesperada porque tenho até abril para achar um lugar e doar o máximo de cães que eu puder. É difícil, porque a maioria tem a partir de oito anos”, relata a protetora.

Esse trabalho de resgatar e cuidar dos animais começou há 15 anos e, de forma inesperada, ganhou um significado importante no coração da paisagista. Na época, Marilena frequentava a chácara do irmão localizada em Campo Largo, também na RMC. Lá, ela cuidava do próprio cachorro e de mais dois do irmão. Algumas pessoas que faziam serviços na chácara perceberam o carinho que ela tinha com os animais e pediam para que ela atendesse outros. Também começar a surgir cães abandonados, os quais foram prontamente acolhidos pela paisagista.

“Assim foi indo. Chegou uma época que eu tava com 18 cachorros. Ai fiz os canis e minha ideia era ficar com eles e trabalhar com jardins”. No entanto, os planos não seguiram conforme o planejado.

“Me canalizei nos bichos”, diz protetora de animais

Em 2008, um pouco depois que começou a acolher os animais, a mãe de Marilena foi diagnosticada com Alzheimer e ela precisou interromper o trabalho de paisagismo para cuidar da mãe que morava em um apartamento.

Enquanto precisava conviver com a tristeza de ver a mãe perder a memória aos poucos, Marilena passou a ver os animais por outro ângulo, um ainda mais bonito, que permitiu que eles se tornassem uma espécie de refúgio.

“Na época que minha mãe ficou doente, eu era muito apegada a ela, eu acho que era onde (com os animais) eu me desestressava. Eu cuidava deles, colocava para doar, resgatava alguns da rua. Na época que isso tudo aconteceu, eles foram meu apoio. Então quando eu ia para Campo Largo, entrava no canil, ficava com os cachorros, me ajudava. Era o que me dava força. E foi assim que começou tudo”, conta. “Me canalizei nos bichos”, completa a paisagista.

A mãe de Marilena morreu em 2014.

Nesse período conturbado para a família, o irmão vendeu a chácara e Marilena precisou encontrar um novo espaço para os cães. Até 2020 a paisagista e os fiéis companheiros passaram por muitos endereços na Grande Curitiba: Quatro Barras, Hauer e Campina Grande do Sul, até encontrarem o canto atual, em Colombo. “Quando eu cheguei aqui, o dono da chácara disse para eu começar a pagar o aluguel e depois ele venderia”, relembra.

Depois que se estabeleceu no último endereço, Marilena contava com a ajuda do pai nos cuidados e despesas com os animais. Mas, em dezembro de 2022, aos 98 anos, ele morreu e a paisagista, mais uma vez, ficou desamparada. Coincidentemente, na mesma época o proprietário do terreno, com quem ela havia acertado a futura compra do espaço, também morreu.

“Agora o rapaz desistiu de vender [para mim], eu não sei o que aconteceu. Tem amigos, protetores de animais me ajudando para tentar doar. Minha ideia era doar alguns cachorros e fazer um hotel para os que ficassem”, revela.

Além disso, depois da morte do pai, Marilena sente que ficou sozinha na tarefa. Ela recebe a ajuda de poucas amigas, que auxiliam na limpeza dos canis e divulgação dos animais nas redes sociais. “Faz um ano que eu cuido sozinha praticamente. Então está bem puxado”, diz a paisagista ao lamentar a falta de apoio.

“A situação é bem complicada porque se eu ficasse com a área, tranquilo, eu ia doando devagar, ia trabalhando e mantendo os cachorros velhos, como eu sempre fiz. Mas agora como eu tenho que sair, me apavorou”, completa.

Como adotar um cachorro em Curitiba

Quem tiver interesse em adotar um dos 52 cachorros que estão sob os cuidados de Marilena, pode entrar em contato com a protetora pelo perfil no Instagram.

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Como doar para o projeto de reforma do abrigo dos cães abandonados

Sem desistir da luta, ela segue procurando por uma área grande na RMC para abrigar os animais. “Pela experiência que eu tenho nesses 15 anos, o mais urgente é arranjar um lugar para colocar eles, por mais que seja provisório. Porque eu tenho certeza que em quatro meses não vou conseguir doar todos esses cachorros”, explica.

Quem tiver interesse em doar para a iniciativa que tem o objetivo de manter o trabalho de Marilena, pode entrar no site do Sou Solução e enviar qualquer quantia a partir de R$ 5.

Apesar de toda preocupação, a protetora garante que o esforço vale a pena: “Eu gosto desse trabalho, de transformar o cachorro que está abandonado e encaminhar para uma família, eu acho bonito isso”.

Sou Solução: projeto surge para ajudar pessoas que fazem a diferença

O projeto Sou Solução é uma criação recente da jornalista Ana Flávia Silva, que também é fundadora do site Tudo já Existe, um portal que tem foco em boas notícias. A iniciativa começou depois que a jornalista foi escolhida pelo programa Acelerando Negócios Digitais, da Meta e International Center for Journalists (ICFJ).

“Foram 80 projetos selecionados no Brasil inteiro e eu fui um dos veículos selecionados com o projeto da Sou Solução. A ideia é contar as histórias das instituições ou das pessoas que fazem a diferença no mundo e lançar as campanhas de arrecadação para ajudá-las”, explica.

Ana desenvolveu essa ideia para incentivar a doação. “Muita gente tem receio em fazer uma doação, medo de que o dinheiro não seja bem aplicado ou não tem aquela confiabilidade. Então a ideia é: jornalisticamente eu fui lá, conferi e faz sentido você fazer a sua doação”, relata.

Além do projeto da Marilena, o site também possui outra campanha que quer criar o primeiro café inclusivo no Paraná. Quem tiver interesse em doar, pode acessar o site e contribuir. “A gente quer ajudar a fazer a diferença. Estamos olhando para quem já está fazendo algo, mas que precisa desse apoio, precisa seguir em frente. Então a gente vem como parte da solução, juntando todo mundo que faz parte da sociedade, a gente quer que todo mundo olhe para esse projeto e que juntos possamos fazer a diferença”.

Já as instituições que desejam participar de campanhas futuras, podem enviar uma mensagem pelo site ou redes sociais da Sou Solução.

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