Números do Sangari confirmam apuração sobre assassinatos

Curitiba duplicou o número de vítimas de homicídio em apenas dez anos. Números semelhantes, elevados principalmente pelas mortes na região de fronteira com o Paraguai (Foz e Guaíra, por exemplo) e pela Região Metropolitana de Curitiba, fizeram com que o Paraná passasse de posições intermediárias para uma posição de destaque no ranking nacional de homicídios. É o que mostra o mais recente Mapa da Violência 2010, divulgado ontem pelo Instituto Sangari, que analisa o período de 1997 a 2007. A apuração confirma o que o Paraná Online vem divulgando ao longo dos anos e mais recentemente mostrando através de um Mapa da Violência baseado em dados locais, que estão sendo divulgados mensalmente desde agosto do ano passado.

O total de homicídios durante essa década aumentou 17,8% no Brasil (passando de 40.507 para 47.707 mortes), enquanto no Paraná esse acréscimo foi de 96,2% (passando de 1.586 para 3.112 mortes). A taxa de homicídios, no Paraná, saltou de 17,3 para 29,6 vítimas a cada 100 mil habitantes (aumento de 70,6%), o que fez com que o Estado passasse de 14.º para o 9.º lugar na comparação nacional. No Brasil, esse número diminuiu 0,7%.

Em contrapartida, apesar da fama que ainda levam, São Paulo (onde os números caíram pela metade) e Rio de Janeiro (redução de 20,8%) já não são as cidades com maior número de homicídios do País.

Segundo o pesquisador responsável pelo Mapa da Violência, Júlio Jacobo Waiselfisz, Curitiba evidencia um índice preocupante de crescimento. Na faixa de zero a 19 anos, Curitiba triplica o número de mortos por homicídio, sendo de 33,9 mortes por homicídio a cada 100 mil habitantes nessa faixa etária, verificadas em 2007. De 20.º, Curitiba passou ao 5.º lugar nesse quesito.

Mais que a posição, o que chama a atenção é o rápido aumento na taxa de homicídios no Paraná no período analisado pelo Mapa da Violência. “O Paraná tem uma taxa impressionante, principalmente para um estado que estava relativamente tranquilo até pouco tempo atrás”, diz Waiselfisz.

Sobre os fatores que colocaram o Paraná nesse patamar, o pesquisador diz que a análise deve ser feita pelos responsáveis pela segurança no Estado. “O Mapa da Violência é um termômetro. Curitiba tem febre. Dou o sintoma, não o diagnóstico”, completa.

A faixa etária que concentra os maiores índices de homicídio do País é dos 15 aos 24 anos, atingindo o pico dos 20 aos 21 anos. No Paraná, foram perdidos 1.261 jovens somente em 2007.

Mudança

A pesquisa aponta ainda para o fenômeno na interiorização da violência. A partir de 2004, a violência nas grandes capitais brasileiras estagnou, acelerando no interior dos estados. “O número de homicídios cresceu sistemática e significativamente até o ano de 2003: em torno de 5% ao ano. Já em 2004, essa tendência se reverte, quando o número de homicídios cai 5,2% em relação a 2003”, informa o Mapa da Violência. Na pesquisa, essa mudança é atrelada à Lei do Desarmamento, em vigor desde aquele ano. Entretanto, no Paraná, além da interiorização da violência, o número de mortes continuou aumentando na capital.

Uma constante entre as mortes é a elevada proporção de mortes de homens (92,1% do total). Morrem mais de duas vezes mais negros (o que inclui pretos e pardos) do que brancos.

Comparações

A América Latina se destaca na comparação do número de homicídios mundial, também citada no Mapa da Violência, na qual o Brasil aparece em 5.º lugar, atrás de El Salvador, Ilhas Virgens, Colômbia e Venezuela.