Morto por ladrões ao defender a mulher

A reação de um comerciante, ao presenciar bandidos assaltando seu estabelecimento e apontando a arma para a esposa dele, custou-lhe a vida. Joaquim de Campos, de 50 anos, foi assassinado com três tiros na cabeça por assaltantes que invadiram seu estabelecimento, a Mercearia Santa Mônica, na noite de domingo. Os três marginais fugiram levando R$ 400,00 – a féria do dia da pequena mercearia localizada na Rua Francisco José Lobo, 763, no Xapinhal. Deixaram para trás um revólver calibre 32, um rastro de sangue e uma família destruída pela dor.

Pouco depois do crime, três rapazes foram presos pelos investigadores Bimba, Henrique, Bastiani e Rodolfo, da Delegacia de Furtos e Roubos, com o auxílio de policiais militares. Silvio Nunes Filho, mais conhecido como “Cobrinha”, de 19 anos, e Leandro Francisco Domingues, 20, foram autuados em flagrante por latrocínio (roubo seguido de morte) pelo delegado Eduardo Castela. Um menor de 16 anos foi apreendido e conduzido à Delegacia do Adolescente. Silvio e Leandro negaram envolvimento no crime, mas o adolescente confessou e contou sua versão dos fatos.

Assalto

O menor disse que ele e Leandro não sabiam do roubo. Teriam sido levados até o local por Silvio. Ao entrar na Mercearia Santa Mônica, às 20h, pediram uma garrafa de refrigerante de dois litros e um pacote de bolachas. Atrás do balcão estavam Joaquim e sua esposa, Lindalva Pereira de Souza Nascimento. Silvio sacou um revólver calibre 32, apontou para Lindalva e anunciou o assalto.

Na tentativa de proteger a mulher, o comerciante pulou rapidamente no bandido e tomou-lhe a arma. De acordo com o relato do adolescente, Joaquim ficou segurando o revólver mas não atirou. Aproveitando-se de um instante de distração, Silvio teria pego outra arma, um revólver calibre 38, que carregava consigo, e disparou contra Joaquim.

De acordo com o investigador Henrique, este ponto do relato é confuso. O adolescente teria ficado do lado de fora da mercearia, e não soube dizer se foi o próprio Silvio ou se foi Leandro quem disparou. O assassino, ao ver o dinheiro que estava no caixa, teria dito que queria mais. Como Joaquim respondeu que não tinha, ele gritou: “Se não tem dinheiro, vai pagar com a vida”, e disparou três vezes, atingindo a cabeça da vítima. Depois tomou os R$ 400,00 do caixa e fugiu com os comparsas em um Passat amarelo.

Neste momento, vizinhos acionaram a Polícia Militar. Como se tratava de latrocínio, os investigadores da Furtos e Roubos foram até o local colher informações para iniciar as diligências e desvendar o caso.

Frieza

Segundo o adolescente, os três se dirigiram a um bosque, que fica a poucas quadras da mercearia, onde Silvio teria escondido as armas e o dinheiro. Em seguida, o trio embarcou novamente no Passat. Tiveram a frieza de estacionar a uma quadra da mercearia e voltar ao local do crime, se misturando ao grupo de vizinhos e curiosos que acompanhavam os trabalhos da polícia, do IML e da perícia da Polícia Científica. Dentro da mercearia, Lindalva chorava desesperadamente, abraçada aos filhos, sem saber que os criminosos estavam tão perto dela. A família, que é evangélica, mora no andar de cima da mercearia. No momento do crime, os filhos do casal estavam participando de um culto na igreja.

Disfarçadamente, uma testemunha que tinha presenciado o crime apontou os três para os policiais como autores do roubo. Com o apoio da Polícia Militar, o trio foi detido e levado para a delegacia. Todos negavam qualquer envolvimento, mas na tarde de ontem o menor resolveu confessar seu envolvimento e apontar Silvio como autor dos disparos. “Eu estava junto porque fui de penetra. Caí de laranja, só fui comprar vinho com eles. Muita gente viu, não adianta ficar mentindo”, disse o adolescente.

Ontem, na delegacia, uma testemunha reconheceu o adolescente. Já a esposa do comerciante assassinado reconheceu Leandro. Silvio, o “Cobrinha”, também continua preso porque o menor relatou com detalhes a participação ativa dele no crime.

O delegado Eduardo Castela informou que a investigação continua, para localizar armas e o dinheiro roubado. Segundo o policial, Silvio não tem passagens pela polícia e Leandro responde inquérito por receptação.

Tristeza

Para a família, ficou na lembrança a triste imagem do corpo ensanguentado de Joaquim, caído atrás do balcão, assassinado ao tentar se defender de bandidos armados. Lindalva disse que o marido não teve coragem de atirar nos marginais por causa da religião. Um cartaz colado na parede da pequena mercearia avisa: “Sou Cristão e Não Vendo Fiado. Não Insista, Obrigado”.

Voltar ao topo