Investigadores evitam fuga do 12.º DP

Coragem e destreza fizeram com que três investigadores de polícia conseguissem evitar o arrebatamento de presos do 12.º Distrito Policial (Santa Felicidade), na madrugada de ontem. Enquanto dois homens tentavam invadir a delegacia, armados de revólver e metralhadora, 30 detentos se amotinavam no corredor da carceragem. Houve troca de tiros e um preso e um dos que tentavam invadir o distrito foram feridos.

Os policiais saíram ilesos e nenhum preso conseguiu escapar. Suspeita-se que os bandidos queriam resgatar um preso de São Paulo, que não teve o nome revelado pela polícia. ?Foram vistos dois homens atirando, mas acreditamos que havia outros dois envolvidos na tentativa de arrebatamento?, disse o delegado Celso Neves.

De acordo com o policial, por volta das 2h10 os presos reclamaram que não havia água nas torneiras e duchas do xadrez. Quando um dos investigadores se aproximou da porta do plantão -, que é de vidro e possui uma pantográfica de ferro -, para verificar o registro de água, no pátio, viu um vulto. ?Ele logo percebeu que havia uma pessoa e que portava um revólver cromado?, contou o delegado.

Tiroteio

Os três investigadores abriram fogo de dentro da delegacia. Um dos invasores, armado com uma metralhadora, também começou a atirar, tentando invadir o distrito. De repente, os três policiais ouviram uma confusão na carceragem. Trinta presos tinham serrado as grades de duas celas e invadido o corredor.

Os policiais então passaram a atirar também contra a porta do xadrez. A troca de tiros durou cerca de cinco minutos, até que os invasores desistiram e fugiram pulando o muro. No pátio da delegacia foram encontrados uma metralhadora, um colete balístico, um revólver calibre 38 e um 22.

Pra tirar a mãe da cadeia

Alberto Melnechuky
Marco foi abandonado pelos comparsas, ferido na Kombi.

Na carceragem, a porta ficou crivada de balas. Os policiais atingiram o pé de um dos amotinados. Ele foi socorrido e passa bem. Perto da delegacia, dentro de uma Kombi, que foi roubada no domingo, os policiais encontraram Marco Antônio Tiago de Souza, 21 anos, ferido com um tiro no peito. A polícia acredita que era ele quem portava a metralhadora. Marco foi levado ao Hospital Evangélico. Ele contou que recebeu R$ 7 mil, de um indivíduo conhecido por ?Pijama?, para fazer o arrebatamento. O objetivo seria resgatar um preso paulista. ?Marco disse que aceitou o ?serviço?, porque precisava do dinheiro para tirar a mãe da cadeia?, contou o delegado.

Nas celas, os policiais recolheram pedaços de ferro e serras. À tarde os 114 presos, que ocupam o xadrez com capacidade para 30 homens, foram colocados nus no pátio para que os policiais fizessem uma varredura na carceragem. ?Nós queremos descobrir como aconteceu a comunicação entre os presos e os homens que vieram arrebatá-los. O plano era fazer com que os policiais fossem até o pátio verificar a falta de água para que os criminosos conseguissem invadir o distrito?, disse o delegado.

Primeiro tiroteio

Entre os três investigadores que trocaram tiros com os criminosos estava uma policial, de 47 anos. Há oito anos na Polícia Civil, foi a primeira vez que ela se envolveu em um tiroteio. ?Foi muito rápido, nem pensei que poderia morrer. Só pensava que eles poderiam conseguir invadir a delegacia?, disse ela.

O outro policial, de 50 anos, que participou do confronto, tem 31 anos de carreira. Essa foi a terceira vez que ele trocou tiros com bandidos. ?Sem dúvida foi a mais perigosa, pois eles estavam com uma metralhadora. Foram cinco minutos de fogo cruzado que demoraram muito para passar?, contou. O terceiro investigador está há sete anos na polícia.

Fuga no interior

Em Rolândia e Cambé, presos fugiram. Em Rolândia, detentos fizeram um buraco na laje e escaparam pelo telhado. Sete homens já tinham fugido quando o plantonista percebeu que havia algo errado. Em Cambé, onze escaparam quebrando grades e concreto das janelas de ventilação das celas.

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