Criminalidade nas escolas caiu 30% em 2004

Este ano a criminalidade nas escolas estaduais do Paraná diminuiu 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da Patrulha Escolar Comunitária, que começou a atuar oficialmente em março, mas desde o ano passado já desenvolvia um projeto-piloto. Segundo o coordenador do programa, capitão Vanderley Rothenburg, os índices positivos estão sendo alcançados graças a um trabalho de repressão e conscientização de alunos e da própria comunidade.

Há alguns anos, a violência começou a bater na porta das escolas. Brigas entre alunos, furtos, agressão à professores e tráfico de drogas se tornaram rotineiros. O espaço que deveria ser um lugar seguro, passou a trazer medo para os alunos e professores. Segundo o diretor estadual da APP-Sindicato, Avanir Mastey, um desses casos ocorreu ano retrasado no Colégio Estadual Eurides Brandão, na Cidade Industrial de Curitiba. Um jovem foi baleado na rua e acabou morrendo dentro da escola. Professores também tiveram o carro baleado e alguns se obrigaram até a mudar de estabelecimento. Mas hoje a situação é tranqüila.

A orientadora do colégio, Maria José Bogo, afirma que em 2004 não houve nenhum tipo de problema grave. “Quando solicitamos, a patrulha escolar vem. No entanto, ainda existem poucas (viaturas) para dar conta da demanda”, opina.

Outros casos de violência também pipocaram por várias cidades da Região Metropolitana e interior do Estado, incluindo ainda a depredação e roubos de equipamentos. De novembro de 2003 até março deste ano, o Colégio Estadual Professora Rosilda de Souza Oliveira, em Piraquara, teve dez “visitas” indesejáveis. Houve depredação e computadores foram roubados. Mas agora a situação melhorou. Um caseiro mora na escola e alarmes estão sendo instalados.

De acordo com o capitão Vanderlei, além de inibir a criminalidade com a presença física, a Patrulha Escolar ajuda a comunidade escolar a organizar o seu plano de segurança. São discutidas melhorias no ambiente e também há orientação para pais e professores. “Não adianta só a polícia revistar e levar para a delegacia. É preciso conscientizar e cada um tem que fazer o seu papel”, destaca. Os policiais também têm agido no entorno das escolas fazendo revistas e evitando a aglomeração de desocupados, possíveis traficantes. Outro trabalho realizado é a revista interna dos alunos. Mas antes de tomar a decisão, a questão é discutida com pais e professores e realizada sob autorização de um juiz. “Já achamos droga jogada na quadra de um colégio”, cita.

Além da Patrulha Escolar, o governo do Estado começou a desenvolver o programa Cultura da Paz, colocando em prática outras ações e estratégias para combater o problema. Entre elas o projeto Casa do Zelador. Já foram construídas cerca de 15 casas, e estão previstas mais 378. Outra atividade desenvolvida é o Programa Educacional de Prevenção à Violência, realizado pela Polícia Militar em parceria com a Secretaria de Estado da Educação. Este programa atua na capacitação dos professores, com informações sobre o uso indevido de drogas e também desenvolve ações com alunos de 4.ª séries.

Moral

Mas o professor Avanir comenta que o problema não é só a violência física, a violência moral também é constante nas escolas, envolvendo o preconceito contra negros, mulheres e homossexuais. Avanir afirma que esses assuntos precisam ganhar um tratamento especial. Para ele, uma pesquisa mais aprofundada precisa ser feita para entender o problema e encontrar meios de acabar com ele. No entanto, acha que a Secretaria da Educação está no caminho certo. Um exemplo apontado por ele é a intensificação do estudo da cultura africana nas escolas.

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