Zé do Caixão vai disputar vaga de vereador na Câmara paulistana

São Paulo, 05 (AE) – Um cineasta cult de aparência diabólica que quer “exorcizar as forças negativas” da cidade. Um grafiteiro grandalhão com cabelo moicano que promete não dar paz aos pichadores. Um sujeito que teve seu jegue seqüestrado e busca de todas as maneiras recuperar o animal para mostrar que paulistano “trabalha feito jumento” e “recebe como burro”. Essas são algumas das figuras que vão tentar garantir uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo nas eleições. A mais conhecida delas, José Mojica Martins, de 68 anos, vai encarnar seu personagem, Zé do Caixão, para a segunda disputa. Seu primeiro contato com as urnas ocorreu em 1982, quando tentou vaga de deputado federal. Ele conta que a maioria de seus votos foi anulada. “Os mesários viam escrito ‘Zé do Caixão’ e achavam que era brincadeira.”

Desta vez, abrigado no nanico PTC, ele diz contar com o apoio de seus admiradores para sair vitorioso. “Realmente, fui incentivado pelos fãs.” Além do reconhecimento no País por causa de seus cerca de 150 filmes trash de terror, Zé do Caixão tem projeção internacional. Conhecido fora do Brasil como Coffin Joe foi elogiado por diretores como Tim Burton e Joe Dante. Recebeu em 2001, menção honrosa no Festival de Sundance, nos Estados Unidos. “Mesmo se vencer, vou continuar minha carreira”, afirma ele.

Sem a fama do concorrente, o grafiteiro Gleyson Lima Dias, de 29 anos, diz contar com seu prestígio no Capão Redondo, na zona sul, para vencer em outubro. Ursão, como é conhecido por causa de seus 1,90 m e 120 quilos, é candidato do PP, partido de Paulo Maluf, de quem é eleitor. Ursão quer virar vereador para tentar aprovar na Câmara uma lei que obrigue pichadores a fazer trabalho pesado. “Se o cara gosta de sujeira, vai ter de trabalhar na sujeira, limpando bueiro.”

Atualmente, Ursão afirma que já faz justiça com as próprias mãos. “Se a gente pega pichador, tira a roupa dele, joga tinta e manda sair correndo pela rua. Ninguém machuca ninguém, é só para mostrar que pichar é errado”, justifica ele.

Seqüestro – Antes de começar a pensar na campanha, Oswaldo de Oliveira, de 54 anos, tem de resolver um problema: o animal que serviu de base para seu nome eleitoral – Wadão do Jegue do Dente de Ouro (PMDB) – sumiu. “Seqüestraram meu jegue no Natal. Faço um apelo para quem encontrar um jegue sem orelha por aí. Me avisem.”

O jegue está sem orelha, diz Wadão, pois ela foi cortada e enviada para ele numa caixa de sapato junto com o pedido de resgate. “Pediram US$ 5 mil, mas eu só tenho R$ 1 mil.” Se não recuperar o animal até o início da campanha na TV, ele diz que vai arrumar outro. “Wadão sem jegue não é ninguém.” Ele já tentou vaga por três vezes na Assembléia. Perdeu todas.

Voltar ao topo