Vendendo carbono

O Brasil também dá bons exemplos para o resto do mundo, especialmente para os países industrializados. Trata-se do interesse demonstrado quanto ao chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), um dos itens preconizados pelo Protocolo de Kyoto, que visa o seqüestro de carbono da atmosfera.

Entre janeiro de 2004 e abril deste ano, o Brasil respondeu por 13% do volume de projetos específicos negociados, colocando-se em primeiro lugar dentre os países preocupados com a preservação do meio ambiente e que estimulam iniciativas nesse sentido, superando China e Índia.

Lançado em setembro na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, fruto da parceria entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o Banco de Projetos de Redução de Emissões já tem o primeiro pregão de créditos de carbono da América Latina.

O referido banco é, na verdade, um sistema eletrônico que faz o registro dos projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, permitindo aos investidores a divulgação das intenções de aquisição de créditos de carbono.

Ao todo, o País dispõe de 74 projetos em processo de validação por parte da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.

Um ponto a favor está no aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar em usinas termelétricas, tornando possível a redução de 44 milhões de toneladas na emissão de gás carbônico. A venda desses créditos, também prevista pelo Protocolo de Kyoto, daria ao País um ganho adicional de US$ 100 milhões.

Como substituto do gás natural usado pela maioria das termelétricas brasileiras, um combustível fóssil que libera dióxido de carbono na atmosfera e não é renovável, o bagaço da cana também apresenta grande vantagem.

O Brasil produz anualmente perto de 40 milhões de toneladas de palha de cana e, de acordo com os técnicos, pelo menos a metade desse volume poderia ser utilizado na geração de energia. Mas, nesse aspecto, a falha é clamorosa.

Mesmo diante dos benefícios comprovados desse aproveitamento racional, milhões de toneladas da preciosa matéria-prima são desperdiçados ou queimados todos os anos. É a repetição irresponsável das gigantescas e criminosas queimadas que eliminam milhões de árvores na região amazônica.

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