Varredura no PT

O presidente Lula promete fazer uma varredura no governo e punir os corruptos, sejam adversários ou aliados. O seu partido já tem uma posição mais condescendente, agarrando-se aos seus cargos o presidente José Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares e o secretário Sílvio Pereira. Agora surge a notícia de que Lula teria conseguido convencer José Genoino a deixar a presidência do PT e, assim, facilitar a demissão dos dois outros, para preservar a imagem do Partido dos Trabalhadores.

O assunto não é de economia interna exclusiva da agremiação de Lula. O PT, como é comum nas agremiações de esquerda, influi determinantemente nas decisões do governo. Uma questão fechada, como a tomada a respeito da reforma da Previdência, que Lula arrancou do Congresso com propostas sempre combatidas pelo partido, tem de ser seguida, mesmo que isso custe a expulsão de alguns proeminentes membros da agremiação.

O PT e o governo se confundem, embora a administração de Lula também se confunda com as siglas ditas aliadas e, em conseqüência, com a corrupção que vem sendo denunciada. Essa corrupção atinge partidos da base governista, como o PTB, denunciante do caso do mensalão e denunciado no escândalo dos Correios, e agora alcança também o PMDB e o próprio PT, inclusive seu presidente, José Genoino. O partido fez um empréstimo bancário com o aval de Genoino e do publicitário apontado como agente principal do mensalão. O presidente do PT, de início, negou tivesse avalizado o contrato de empréstimo e defendeu, de unhas e dentes, o já ultracomprometido tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e o secretário-geral Sílvio Pereira. Aliás, sempre defende o PT como sendo uma vestal, mas teve de dobrar-se à evidência. Foi provado que sua assinatura está no título do empréstimo. E o PT devedor não pagou a primeira prestação, de R$ 350.000,00, que foi quitada junto ao banco por uma empresa do acusado de ser o gerenciador da maracutaia dos mensalões.

Lula pretende que a reforma do ministério, incluindo estatais onde aconteceram negociatas de funcionários e dirigentes indicados por partidos aliados, seja uma forma de higienização do governo e tenha o condão de recuperar a fama de agremiação ética do PT.

A simbiose entre o governo e o PT produz contaminação. Agora, além de contaminação, corrupção no próprio governo e no partido. Portanto, nada mais lógico do que afastar os membros do PT suspeitos e acusados, alguns até com documentos. Senão, a virgindade do governo tantas vezes afirmada e agora desmascarada e a corrução da gente dos partidos que o apóiam, inclusive o PT, que se mostra falsa vestal, produzirão uma virulenta febre contaminante de atitudes antiéticas. Se é para fazer uma limpa, que a varredura seja a mais completa possível, embora seja duvidoso que a boa fama, tanto do governo quanto do PT, seja facilmente recuperada.

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