Sem indenização, nacionalização será expropriação, diz Garcia

Buenos Aires – A Petrobras – maior exploradora de gás na Bolívia – será indenizada pela nacionalização dos hidrocarbonetos naquele país, anunciada na semana passada pelo presidente Evo Morales. A afirmação é do assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio García, que declarou aos correspondentes brasileiros na capital argentina que se a indenização não for paga, a nacionalização será uma expropriação

"Evidentemente a Petrobras receberá uma indenização. Mas, agora, haverá uma discussão sobre as condições dessa indenização. Havíamos ponderado que ela terá que ser feita com todas as garantias". Segundo Garcia, "isso implicará em auditorias, que terão ser confiáveis, além de serem definidas de forma bilateral".

Garcia considera que a questão com a Bolívia será resolvida antes da reunião de cúpula de presidentes do Mercosul, que será realizada em julho na Argentina. Morales, participará dessa reunião, como país "associado" do bloco.

Garcia explicou que a possibilidade de recorrer ao tribunal em Nova York só será utilizada no caso "de que não haja negociação ou haja um impasse. Aí o governo recorrerá. O prazo é de 180 dias".

Racismo

Morales, homem de origens indígenas (ele pertence à etnia aymará), é tratado com racismo no Brasil, lamentou Garcia. Segundo ele, "alguns colunistas" da mídia brasileira descriminam Morales por suas origens étnicas. "Como também (alguns setores) têm tratado o presidente Lula com preconceito social", afirmou o assessor.

Segundo o assessor da presidência, a questão dos hidrocarbonetos "é um assunto que se arrasta na Bolívia há muitos anos. Os ex-presidentes Gonzalo Sánchez de Losada (2002-2003) e Carlos Mesa (2003-2005) caíram um pouco por isso. Esse tema está há anos na ordem do dia. Na eleição presidencial boliviana, todos os candidatos colocavam (em seus programas) a questão da nacionalização. E quem não o fizesse, ia se dar mal com a sociedade. O Morales está cumprindo uma promessa".

Voltar ao topo