Segundo Palocci, só petróleo preocupa no cenário internacional

Washington (AE) – Não há nada no quadro mundial que ponha em risco a evolução segura da economia brasileira, disse hoje (23) o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, após almoçar na sede do Tesouro americano com ministros dos sete países mais ricos (G-7) e outros quatro convidados. Só o petróleo, concedeu Palocci, causa alguma preocupação, pois pode pressionar a inflação mundial.

Menos otimistas foram os ministros de Finanças do G-7 (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Japão). "Identificamos os preços do petróleo como o problema número 1 para a economia mundial", disse um funcionário alemão. A preocupação, acrescentou, aumentou com o furacão Rita, que forçou o fechamento de mais refinarias nos EUA.

Os ministros do G-7 decidiram recomendar que os governos deixem o mercado fixar os preços dos combustíveis, evitando subsidiar o consumo. Resolveram também pedir que os produtores com capacidade ociosa aumentem a produção. Os ministros avaliaram as condições da economia mundial e as perspectivas da Rodada Doha de negociações comerciais. Todos acentuaram, segundo Palocci, a importância de avanços nessas negociações e de sucesso na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em dezembro, em Hong Kong.

Participaram do almoço como convidados, além de Palocci, os ministros de Finanças da China, da Rússia, da Índia e da África do Sul. Palocci disse que o ministro do Tesouro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, reiterou apoio à criação de uma linha de financiamento preventivo no Fundo Monetário Internacional (FMI). A criação dessa linha de crédito, sem as condições dos acordos tradicionais, é defendida também por outros países em desenvolvimento.

Segundo Palocci, o Brasil está dando uma resposta de Primeiro Mundo à crise política: essa resposta consiste, de acordo com o ministro, em tratar os problemas políticos com ações políticas. Disse que os indicadores econômicos melhoraram desde o início da crise, que o recente lançamento de títulos em reais foi um sucesso e que há condições para novos cortes de juros, embora tenha ressalvado que não tentaria prever as decisões do Banco Central.

Em contraponto com a reunião do G-7, o G-24, que representa os países em desenvolvimento, fez sua discussão preparatória da assembléia do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird). O grupo defendeu a adoção de "arranjos preventivos ou de segurança" para uso diante do risco de crises.

Cotas

Palocci disse que entre as propostas que o Brasil deverá apresentar durante a reunião conjunta anual do FMI e do Bird está a questão da representação dos países, ou as chamadas cotas de participação no Fundo. "Tivemos um sinal importante dos governos americano e inglês em relação a uma postura favorável a novas cotas. "

O ministro ressaltou que o Brasil não tem necessidade de um novo acordo com o FMI, mas quer construir um instrumento no Fundo que sirva como um programa preventivo. "Essa discussão está evoluindo bem." Outro objeto do debate é o acordo de perdão da dívida dos países pobres.

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