Saco sem fundo

A insistência do relator do projeto de reforma política, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), pela manutenção da lista fechada como ponto essencial do texto em discussão no plenário da Câmara, alimenta a forte divergência das facções partidárias dispostas a torpedear a medida.

Com a introdução da lista fechada nas eleições proporcionais, o eleitor não mais votará em candidatos e sim na relação previamente definida pelos dirigentes partidários. Para a maioria dos descontentes, esse é o principal nutriente da discussão, tendo em vista a dificuldade de candidatos menos conhecidos conseguirem integrar a chapa a ser submetida aos eleitores.

Grupos partidários se movimentam para soldar uma proposta mais flexível, permitindo ao próprio eleitor definir quais seriam os percentuais de vagas preenchidos pela lista e os eleitos pelo voto direto.

O relator, Ronaldo Caiado, que não parece inclinado a abrir espaço para modificações de vulto no projeto aprovado previamente pela Comissão Especial da Reforma Política, invocou a tese, também conflitante, do financiamento público das campanhas.

Para ele, a única forma segura de controlar o dinheiro público repassado aos partidos políticos, será aprovar o voto em listas fechadas. Caso contrário, mesmo com o paliativo da flexibilização das listas, o deputado assegura que o famigerado caixa 2 continuará exercendo poderosa influência na indução dos parlamentares eleitos.

Com a implantação da lista fechada, diz Caiado, o candidato não terá justificativa para pedir votos em nome próprio, já que está representando um partido. Contudo, a objeção dos oponentes, que também deve ser levada em consideração, é que a prerrogativa de escolha individual dos eleitores estará interditada.

Setores do PT, PMDB, PSDB e DEM, além de partidos menores, apesar do esforço de seus líderes em prol da aprovação da lista fechada, reclamam contra a inevitável extinção das campanhas individuais, embora propugnem a defesa da adoção de medidas severas para eliminar o financiamento privado das campanhas, saco sem fundo da corrupção. A polêmica vai longe.

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