Primeiras medidas

O prefeito Beto Richa (PSDB) anunciou no final da semana passada as primeiras medidas de impacto de sua administração. Uma foi a redução da tarifa de ônibus para R$ 1 aos domingos, permitindo à família curitibana passear pela cidade, na visão um tanto pueril da publicidade municipal. Trabalhadores ouvidos por este jornal dizem que domingo é o dia que menos andam de ônibus.

A outra medida foi estabelecer comissão para escrutinar com proficiência todos os itens da planilha de custo do transporte de massa, com o prazo de 90 dias para apresentar conclusões. Até lá, a tarifa fica congelada nos atuais R$ 1,90. De passagem, sem evitar a coincidência, uma das mais altas do País.

Não querendo ensinar como se administra, mas já o fazendo, poder-se-ia imaginar que o exame detalhado da planilha pudesse ser feito no período de transição. Assim, a população não ficaria três meses à espera de nova notícia sobre o custo do transporte, que suga boa parte dos ganhos dos trabalhadores de baixa renda. E se for anunciado novo reajuste, justificado pela inflação do período, segundo entende o próprio Beto?

Deve-se levar em conta a dificuldade de pisar o terreno minado das tarifas do transporte urbano, regido por interesses nem sempre visíveis ou confessáveis. Cremos não ter sido fácil à equipe de transição obter as informações que precisava para montar a estratégia inicial. A guerra surda das tarifas, de resto, sempre encoberta por pesado véu de dubiedade, promete continuar encarniçada.

Como prefeito em exercício, Beto reduziu a tarifa com uma penada. Agora, o terreno é cediço e o prefeito não está a fim de protagonizar um ato extemporâneo. Ele mesmo se apressou a interpretar a medida como não demagógica ou eleitoreira.

Excelente advertência para a curta memória dos eleitores.

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