No segundo dia da visita de Estado ao Reino Unido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conheceu a exposição Tropicália (movimento cultural brasileiro do fim da década de 60) no Centro Cultural Barbican. Lula aproveitou a visita para pedir que os empresários ingleses dêem mais atenção ao Brasil.
Segundo o presidente, o Reino Unido investiu muito em infra-estrutura no Brasil no século 19, mas depois se esqueceu do país. "Eu acho que o Reino Unido se apaixonou por outra região e deixou a América do Sul e a América Latina de lado", disse para uma platéia de brasileiros e ingleses. O presidente encerra nesta tarde seminário empresarial.
Ele voltou a afirmar que combustíveis renováveis, como o biodiesel, são uma oportunidade de desenvolvimento dos países africanos. "Eles podem plantar petróleo para vender aos países mais ricos". Para Lula, a viagem ao Reino Unido é "um reencontro de duas nações que já tiveram muito tempo juntos".
Ao lado do ministro da Cultura, Gilberto Gil, um dos principais representantes da Tropicália, o presidente disse que o movimento confrontou "o clima de intolerância e repressao" que assolava o país durante o regime militar. E destacou que o Tropicália é uma influência para outras gerações, como o grupo Afroreggae, que se apresentou no início deste mês na capital inglesa. "Não é um movimento (Tropicália) parado no tempo".
Depois do discurso, Lula visitou a exposição composta por obras de artes plásticas, música, fotos, livros produzidos na época. A Tropicália nasceu de uma instalação criada pelo artista brasileiro Helio Oiticica em 1967. O movimento misturou elementos psicodélicos, da banda inglesa The Beatles, música popular brasileira e outros. Alguns participantes do movimento ( 1967- 1972) foram os cantores Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Jorge Ben e o grupo Os Mutantes.
No momento em que Lula posava para a foto oficial, o ministro Gilberto Gil tocou violão e cantou a música "Soy Loco por ti America". O presidente assistiu, junto com a primeira-dama, apresentação da cantora baiana Adma Gamen.
Os ministros Fernando Haddad (Educação), Celso Amorim (Relações Exteriores), Matilde Ribeiro (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial) também visitaram a mostra. A exposição fica na capital inglesa até maio.