Político arrojado

Mesmo não sendo homem de atitudes espetaculosas e direcionadas aos refletores, como é o caso de muitos políticos brasileiros, não se pode negar ao deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), atual presidente da Câmara dos Deputados, o desassombro de revelar o que lhe passa pela cabeça para o aqui e agora – quem sabe ser nomeado ministro -, e daqui a dois anos, disputar o governo do Estado de São Paulo, função para a qual, segundo sua visão pessoal, está preparado para desempenhar.

João Paulo é um desses políticos da safra atual, não por coincidência integrante do Partido dos Trabalhadores, convicto de que a eles a maioria do eleitorado confiou a missão de governar o País, os principais estados e também os grandes municípios, a fim de transformar em realidade a assertiva, para muitos inexorável, de que o PT não se afastará um milímetro do caminho que o levará a ser o grande partido nacional, ou seja, o portador do destino manifesto de conduzir o País ao tão ansiado progresso com justiça social…

O que surpreende num homem cuja personalidade é resignada e, por assim dizer, avessa aos transbordamentos oratórios e rompantes de qualquer natureza, agindo ao contrário com moderação e gestos estudados, foi o desprendimento arrojado com que tornou públicas as intenções de curtíssimo prazo.

Num partido com tantas tendências ideológicas como o PT, uma figura do quilate do deputado João Paulo Cunha, é forçoso reconhecer, haverá de ser uma das expressões mais relevantes, portanto, reunindo as condições necessárias para desincumbir-se de tarefas vitais para o governo. Ainda mais quando se vislumbra no horizonte petista, aqui e ali, fagulhas de contestação e autonomia, cuja debilidade aparente pode vir a ser um movimento rebelde de sérias conseqüências.

O deputado João Paulo é homem sereno, hábil negociador, firme no terreno da opinião. Ele poderá ser para o governo Lula, sem dúvida, o catalisador das boas intenções, sobretudo no Congresso, que conhece bem, pois o que mais precisa a administração federal, nesse momento, é alguém que ouça com paciência e discernimento, mas induza o processo dialógico para o terreno das realidades possíveis e apropriadas.

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