Requião prega mudança na política econômica

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Lessa: projeto alternativo para o país.

O governador Roberto Requião (PMDB) começou o ano intensificando sua pregação pela mudança na política econômica adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde ontem, o governador paranaense está enviando a lideranças políticas nacionais o esboço de um manifesto formulado pelo ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, sobre um projeto alternativo para o país, que tenha como foco a questão social e se contraponha à continuidade dos preceitos neoliberais. Entre os destinatários do documento estão o presidente Lula e vários dos seus ministros.

Requião está mandando a primeira versão do texto para que receba sugestões que seriam levadas em consideração na redação final do documento. O primeiro texto é uma síntese feita por Lessa de um encontro realizado no final do ano passado na Granja do Cangüiri, onde Requião recebeu, além do ex-presidente do BNDES, o ex-vice-presidente do BNDES, Darc Costa, o ex-comandante da Escola Superior de Guerra, brigadeiro Sérgio Ferola, e o criador do Proálcool, o físico Batista Vidal. Lessa deixou o BNDES no ano passado por se confrontar com a orientação econômica do governo.

Com o título "O Brasil tem saída", o manifesto assinala que 2005 será um ano pré-eleitoral e portanto, decisivo, por preceder a sucessão presidencial. E alerta que seria um "desastre histórico" insistir em um novo ciclo neoliberal. "Por isso mesmo, o presidente Lula deve reavaliar suas alianças e visitar seu diagnóstico político-econômico. Eleito para mudar, ou ele muda ou perde sua base social. Temos confiança em que o povo irá em frente, em busca do um novo projeto nacional para o Brasil, independentemente do presidente Lula. Um povo que, a partir de uma prolongada ditadura, constituiu a democracia política sem derramamento de sangue, certamente será capaz de utilizar as liberdades políticas conquistadas para constituir pacificamente a inclusão social no Brasil", aponta a primeira versão do manifesto.

A assessoria do governador informou que Requião encaminhou o manifesto para o presidente para que ele tome conhecimento das idéias que estão sendo debatidas pelo PMDB e ofereça suas sugestões. De acordo com a assessoria, não se trata de uma crítica ao presidente. O governador estaria buscando apresentar uma alternativa para o governo do PT na área econômica.

Mobilização

O manifesto defende a mobilização da sociedade em favor de uma nova linha econômica para o país. No texto, Lessa cita a necessidade de formulação de um projeto nacional para enfrentar o que é descrito como uma das mais graves crises instaladas no Brasil e classifica como ingênua a visão daqueles que acham que a saída para o país está na atração do capital estrangeiro.

"O refrão ideológico de que a crise social será resolvida pelo mercado supõe que o investimento externo é comprometido com o desenvolvimento nacional. Esta é uma suprema ingenuidade. Se a nação for um mercado em expansão, o investimento externo será por ele atraído. Porém, jamais será espontaneamente o criador desse mercado para o Brasil. O investimento externo foge e desconhece a pobreza. Não tem qualquer compromisso com a inclusão social. Se houver um projeto nacional, nítido e bem sucedido, será bem-vinda a cooperação coadjuvante do investimento estrangeiro, que aporte tecnologia e recursos. Confiar na sua iniciativa e liderança é permanecer passivo ante o drama social ampliado", diz o texto.

No manifesto, os peemedebistas criticam a elevação das taxas de juros e a política fiscal do governo Lula e apontam que há um "equívoco" na leitura da crise e nas propostas apresentadas para a sua solução. "Tal internacionalização financeira, com taxas básicas de juros reais nos níveis mais extravagantes do mundo, e com uma política fiscal contracionista e sufocante, agrava recorrentemente a crise social", diz o documento.

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