Requião ameaça demitir auxiliares que trabalham meio período

O governador Roberto Requião exigiu ontem, na primeira reunião do ano do seu secretariado, mais empenho de seus colaboradores no cumprimento de metas e prazos e ameaçou punir com demissão quem não executá-las.

?Vou fixar metas trimestrais e, nesse período, todos terão que dar conta dos projetos que tramitam nas Secretarias. Caso isso não ocorra, secretários e diretorias devem ser dispensados?, afirmou.

Requião também reafirmou que os secretários e assessores devem trabalhar em período integral para a execução dos planos de governo. O recado também vale para os servidores com cargo de confiança e que todos os servidores devem se esforçar para atender o interesse público.

Requião denunciou também a pressão que vem recebendo da imprensa nacional pelas suas iniciativas em romper contratos lesivos aos cofres públicos firmados no governo anterior. ?É uma série de patifarias firmadas na administração passada com as quais não podemos compactuar, dado a corrupção que se instalou no Paraná?, destacou.

Requião dirigiu suas críticas também para uma parcela do governo federal, que estaria compactuando com a situação. Denunciou o senador Aloizio Mercadante, líder do governo federal no Senado, por defender interesses de fabricantes de papel com a isenção de impostos. ?Como a maior parte das fábricas está instalada no Paraná, essa cortesia com chapéu alheio está provocando um rombo de R$ 45 milhões por ano aos cofres estaduais?, calculou.

Professores

Diante do quadro que descreveu, Requião reafirmou sua política de austeridade e de preferência pelos pobres. Salientou que uma de suas metas, no momento, é melhorar o salário dos professores, ?com dinheiro ou sem dinheiro?. O governador afirmou que educação é prioridade em seu governo e confirmou que está enviando um plano de cargos e salários à Assembléia Legislativa para os professores ascenderem na carreira por mérito.

O governador também anunciou sua disposição de negociar a dívida do Banestado com o Banco Central, com os títulos podres comprados dos estados de Alagoas e Santa Catarina. ?Se a operação, que resultou num rombo de R$ 47 milhões mensais aos cofres estaduais foi aprovada pelo BC, nada mais justo que ele fique com esses títulos, cuja emissão o próprio banco autorizou?, afirmou. ?Os títulos foram empurrados garganta abaixo mesmo com a nulidade declarada.?

Requião disse ainda que poderá denunciar internacionalmente o Japan Bank for International Cooperation, banco japonês que financia o Paranasan, programa de saneamento da Sanepar. De acordo com o governador, o banco determinou que apenas duas empreiteiras no País poderiam ganhar a licitação das obras. Quando o atual governo modificou as regras para que empresas paranaenses de médio porte pudessem participar da licitação – explicou o governador – a agência manifestou a intenção de suspender o financiamento.

?Não é possível impor a corrupção ao Estado. Ou o Estado é ladrão ou não tem financiamento?, disse. Segundo Requião, o Paraná não vai aceitar essa posição, e acrescentou: ?Não devemos ter vergonha de ser brasileiros e por brigar por uma administração mais justa.?

Empréstimos podem ser revistos

O governador Roberto Requião acrescentou que não é possível ficar calado com a situação das montadoras e disse que pensa em reverter o quadro dos empréstimos e dilações fiscais em benefícios à industrialização em todo o Estado e com a nacionalização das peças.

Segundo Requião, o empréstimo da Agência de Fomento à Renault não foi tão expressivo. ?mas a montadora foi beneficiada com a dilação do prazo para pagamento de impostos, o que reduziu a participação do Estado nas ações da empresa?, comentou.

O governador disse que não é possível quase uma frota inteira de veículos da Renault, pertencentes à Secretaria da Segurança Pública, estar paralisada por falta de peças. ?Se uma montadora faz isso com um governo que certamente tem instrumentos de pressão, o que não faz com o consumidor comum que tem pouco poder de reivindicação??, questionou.

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