Justiça investiga políticos na lista do doleiro Youssef

A 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba está instaurando inquéritos para apurar possíveis crimes financeiros cometidos por paranaenses que fizeram depósitos nas contas do doleiro Alberto Youssef. A Receita Federal de Londrina enviou relatório esta semana à 2.ª Vara Criminal com informações dos londrinenses que realizam os depósitos.

A Justiça Federal ainda não teve tempo de contabilizar quantos são os envolvidos com o esquema do doleiro. Só se sabe que, em todo o Brasil, existem 657 depositantes – pessoas físicas e jurídicas -que totalizaram R$ 383.407.997,04 nas operações ocorridas entre 1996 e 1999.

Como as pessoas envolvidas ainda não foram ouvidas pela Justiça, o nome dos paranaenses que estão na listagem ainda não foram divulgados. No entanto, já se sabe que entre eles está o ex-secretário de finanças de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, que depositou R$ 617 mil numa das contas de Youssef. Paolicchi já se envolveu em diversos escândalos financeiros e foi acusado de desviar R$ 2,6 milhões dos cofres públicos em Maringá. Constam também na lista de depositantes João Arcanjo Ribeiro e o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona.

As contas controladas por Youssef eram utilizadas para a prática de operações ilegais de câmbio. O que a Justiça vai investigar agora são possíveis crimes de evasão fraudulenta de divisas, crimes fiscais e de lavagem de dinheiro praticados pelos depositantes.

De acordo com o delegado da Receita Federal em Londrina, Sérgio Nunes, em 2001 foi criada uma comissão em Londrina, formada por cinco auditores, para tratar apenas de contas CC5. De lá pára cá, a Receita em Londrina concluiu 58 casos de contribuintes que enviaram dinheiro para o exterior através de contas CC5, totalizando um crédito tributário que ultrapassa R$ 350 milhões. ?Não podemos precisar quantas dessas pessoas estariam envolvidas com as movimentações nas contas do Youssef. Estes casos que concluímos envolvem diversas situações?, explicou Nunes.

As investigações da Receita em Londrina também geraram mais de 1.900 representações para outras unidades da Receita Federal em todo o País. ?Durante as apurações percebemos que as pessoas de Londrina que apareciam ligadas às contas CC5 eram, na verdade, apenas a ponta do trajeto e que levavam aos verdadeiros donos do dinheiro. Então encaminhamos estas 1900 representações para que outros colegas espalhados pelo Brasil investigassem estas situações?, disse Nunes.

Youssef já foi condenado por crimes fiscais e financeiros pela própria 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Ele estava envolvido com transações financeiras descobertas pela Operação Farol da Colina, da Polícia Federal, que entre outras coisas investigou remessas ilegais de dinheiro ao exterior através de contas CC5 do Banestado. Youssef ficou por quase cinco meses detido na sede da PF em Curitiba, entre 2003 e 2004, acusado de lavagem de dinheiro. O fato lhe rendeu uma condenação de sete anos de prisão, imputada pelo juiz da 2.ª vara Criminal, Sérgio Moro.

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