Dobrandino abre uma crise ao ofender o governo Lula

Aliados no segundo turno da eleição de 2004, o PMDB e o PT entraram novamente em choque ontem. O palco do atrito foi o plenário da Assembléia Legislativa, onde o presidente estadual do PT, deputado estadual André Vargas, e o líder da bancada, Tadeu Veneri, cobraram explicações do líder do governo e presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, sobre declarações publicadas no jornal Semanário do Norte Pioneiro, em que o peemedebista afirmou que o projeto de poder do PT foi "colocar uma quadrilha roubando o Brasil".

Questionado pelos petistas, o líder do governo reafirmou suas declarações e prometeu divulgar hoje a prova de sua acusação. Dobrandino disse que vai apresentar à imprensa documentos sobre supostos contratos de publicidade irregulares, no valor de R$ 32 milhões, da Usina de Itaipu. "Eu ia deixar para mais perto da eleição para mostrar a face deles, mas já que querem agora, eu vou mostrar", provocou o líder do governo.

O diálogo entre Dobrandino e Vargas foi tenso. Enquanto Veneri se manifestava na tribuna, o presidente estadual do PT tomava satisfações do presidente estadual do PMDB. "Falam coisas horríveis de Foz do Iguaçu (base eleitoral de Dobrandino e onde seu filho Samis foi prefeito), mas não posso acreditar. Se for para ficar falando assim, sem provas, então, também posso falar sobre isso. E também sobre o governo estadual", disse Vargas. Ele desafiou o líder da bancada governista a apresentar as provas. "Não venha com conversa fiada. Faz sessenta dias que você vem falando esta história de Itaipu. Por que não foi ao Ministério Público? Ou está querendo fazer chantagem?", atacou o presidente do PT.

Dobrandino devolveu. Disse que sua afirmação sobre o PT não é nenhuma novidade. "O PT foi uma decepção para o Brasil. O País todo está falando da roubalheira do PT. Eu falei que é uma quadrilha e é mesmo. Olha só as prefeituras deles. Em Londrina, o Belinati (ex-prefeito que teve o mandato cassado acusado de desvio de verbas públicas) é aluno deles", disse.

Nunca mais

Veneri disse que Dobrandino não pode fazer acusações genéricas, atingindo ministros, o funcionalismo público federal e toda a estrutura de governo. Veneri comentou ainda que o líder do governo deveria tratar melhor o PT, já que o partido tem fornecido votos imprescindíveis para o governo aprovar seus projetos.

Dobrandino não contemporizou. Defensor da candidatura própria do PMDB à Presidência da República, o presidente estadual do PMDB afirmou que não se dobrará a nenhuma decisão da direção nacional ou do governador Roberto Requião (PMDB) para apoiar a possível candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Se o Requião fizer um acordo com o PT, eu estou fora", declarou.

Dobrandino esteve na reunião do Conselho Nacional do PMDB, em Brasília, na semana passada, e afirmou que, por enquanto, a tese da candidatura própria é predominante. Mas observou que a ala governista vai recorrer e usar todas as armas para levar o partido ao palanque do PT na sucessão presidencial.

Passado

As divergências entre Dobrandino e Vargas vêm de longe. Começaram quando o PT apoiou o adversário do prefeito Samis da Silva, nas eleições de 2004. O presidente do PMDB considerou a posição do PT uma traição e há muito tempo, acusa o diretor de Itaipu, Jorge Samek, de ter trabalhado contra o PMDB.

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