Aloizio Mercadante vai alinhar campanha a Lula

Foto: Lumi Zunica/Futura Press

Marta e Mercadante: "Sem rachaduras, sem fissuras, e mais unidos do que nunca".

O Partido dos Trabalhadores oficializou ontem o nome do senador Aloizio Mercadante para disputar o governo do Estado de São Paulo nas eleições deste ano. O senador obteve 35.626 votos na prévia realizada anteontem pelo partido, o que equivale a 52,8% do total de votos válidos. A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy ficou com 31.869 votos, equivalentes a 47,2%. O total de votos válidos registrados na prévia foi de 67.495. O total geral de votos ficou em 68.455 votos. Brancos totalizaram 378 e nulos 582 votos. Marta venceu Mercadante na capital paulista com 16.591 votos contra 8.390 votos do senador. A ex-prefeita ficou atrás na Grande São Paulo e no interior, onde registrou respectivamente 7.752 e 7.562 votos. Também respectivamente, Mercadante teve 9.747 e 17.489 votos.

O senador Aloizio Mercadante colocou sua candidatura como fundamental nos esforços do partido para reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e assegurou que sua campanha será articulada à estratégia que será conduzida em âmbito federal. "Nossa campanha em São Paulo será construída em articulação com a campanha do presidente Lula", afirmou o senador, logo após o anúncio de sua candidatura, feita no final da tarde, no hotel Paulista Plaza, em São Paulo. "Estará em cada passo da nossa campanha a reeleição do presidente Lula", acrescentou.

Mercadante lembrou que São Paulo possui 22% dos eleitores brasileiros, o que torna o Estado fundamental, na escolha do presidente da República. "Especialmente aqui, a nossa disputa é muito importante, é fundamental". Desde que começou a ser articulada, sua campanha vinha recebendo o apoio do próprio presidente da República, apesar de nenhuma manifestação pública ter sido feita pelo Lula em relação ao assunto. Ao longo das últimas semanas, Mercadante já assegurava que interlocutores do presidente confirmavam o favoritismo por seu nome por parte do Palácio do Planalto.

Em relação à disputa travada com Marta pela vaga na eleição estadual, Mercadante afirmou que este foi um "combate" que deixou claro como é o PT. "Em alguns partidos, o quorum máximo é de quatro em um restaurante", disse o senador, em referência a um jantar realizado em um restaurante de luxo na capital paulista entre representantes da cúpula tucana, na época em que estava sendo escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República. No PT, segundo Mercadante, o quorum na escolha de um candidato é amplo e abrange toda a militância.

O senador também aproveitou para elogiar a atuação de Marta na época em que comandou a Prefeitura de São Paulo, ressaltando que a popularidade da ex-prefeita ficou clara no resultado da prévia. Marta venceu a prévia petista na capital, mas perdeu para Mercadante na Grande São Paulo e no interior. "Vamos incorporar essa rica experiência ao nosso programa de governo", afirmou.

A ex-prefeita Marta Suplicy, derrotada na prévia do PT para a escolha do candidato do partido ao governo do Estado, adotou o discurso da unidade partidária ao comentar a vitória de seu colega de partido Aloizio Mercadante. Depois de agradecer à militância pelo fato de as prévias terem ocorrido com "certa tranqüilidade", Marta assegurou que o PT saiu sem rachaduras desse processo de escolha "Nós terminamos essa prévia sem rachaduras, sem fissuras, e mais unidos do que nunca", afirmou Marta.

PT não quer desafinar no Paraná

O PT do Paraná quer falar a mesma língua nesta campanha eleitoral. Ontem, em reunião entre o pré-candidato do PT ao governo do estado, senador Flávio Arns, a bancada estadual, o presidente regional do partido, André Vargas, e o diretor-geral da Usina de Itaipu, Jorge Samek, que integra a coordenação da campanha, ficou estabelecido que o partido irá se empenhar na conquista da unidade durante o processo eleitoral.

No final do mês, dias 26 e 27, a bancada fará um seminário para começar a discutir o programa de governo do partido. O líder do partido, Angelo Vanhoni, passou a integrar a coordenação da campanha. Paralelamente, serão realizadas as negociações de alianças com outras siglas. Ontem, Arns e o presidente do PT do Paraná, André Vargas, estiveram com o presidente estadual do PSB, Severino Araújo. Na próxima semana, Arns conversa com o presidente estadual do PL, Vitor Hugo Burko.

Arns disse que considera improvável que a base do seu partido se submeta a uma ordem da direção nacional para retirar sua candidatura em favor de um acordo com o governador Roberto Requião (PMDB), no Paraná, para que apóie o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Segundo o senador, o partido não vai criar dificuldades para fortalecer a provável candidatura de Lula à reeleição, mas a base hoje não acolheria o desmonte do palanque próprio do partido no estado.

O senador afirmou que não está preocupado com mudanças no rumo da campanha petista no Paraná. "Há um sentimento de quase cem por cento da militância de que é essencial uma candidatura própria. Isso facilita a eleição de deputado federal e estadual e numa democracia, é fundamental que um partido tenha um projeto para o seu estado", declarou.

Arns disse que o PT fará uma campanha sem entrar em choque com possíveis aliados. O senador acha que o fortalecimento da candidatura do presidente não implica um palanque único no Paraná. "Todos acabam se fortalecendo com uma caminhada própria", disse o senador. (Elizabete Castro)

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