Pimenta tentou blindar Dirceu, diz advogado de Valério

O advogado Paulo Sérgio de Abreu e Silva, que representa Marcos Valério Fernandes de Souza, afirmou, nesta quinta-feira, que o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) tentou "blindar" o ex-ministro José Dirceu durante a carona dada ao petista pelo empresário mineiro após o depoimento na CPI do Mensalão, na madrugada desta quarta-feira.

Segundo o advogado, no trajeto entre a garagem do Senado até a residência do deputado, em uma superquadra de Brasília, o deputado, "num papo amistoso" com Valério, relatou "estar preocupado com o destino do ex-ministro".

"Mas o ministro sabia, eu falei a verdade", retrucou o sócio das agências SMP&B Comunicação e DNA Propaganda, segundo relato de Abreu e Silva. "O Marcos Valério sustentou que o Zé Dirceu sabia da participação do PT na negociata toda", enfatizou.

Apontado inicialmente por Pimenta como a pessoa que teria lhe repassado a lista apócrifa com nomes de políticos mineiros que teriam sido beneficiados por repasses de Marcos Valério, o advogado disse que está disposto a depor num eventual processo contra o deputado no Conselho de Ética da Câmara. "Se eles me convocarem, estarei lá para depor", afirmou ele, que classificou como "molecagem" a atitude do parlamentar gaúcho.

Diante da reação negativa, Pimenta mudou a versão depois afirmando que obteve a lista na própria CPI e que o documento fazia parte dos autos de uma ação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O vazamento da lista provocou ontem uma guerra entre PT e PSDB durante a sessão conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão.

Abreu e Silva disse que estava disposto a desmentir a versão inicial de Pimenta em relação à lista apócrifa na sessão conjunta das comissões, mas foi impedido. "O presidente (da CPI do Mensalão), Amir Lando (senador pelo PMDB de Roraima), achou que se eu falasse, pegava mais fogo ainda", disse. "Essa briga de cachorro grande político, PSDB contra PT, eu não vou entrar".

O advogado reafirmou a versão de Valério, de que não possui provas contra outros políticos que supostamente teriam recebido recursos de suas empresas, além dos já divulgados. "Aquilo foi uma lista montada", disse. "Nós não temos documentos desses outros nomes".

O encontro reservado com Valério levou hoje o deputado do PT a renunciar ao cargo de vice-presidente da CPI do Mensalão. "Acho que ele fez bem, porque a situação ia ficar insustentável ali dentro", comentou Abreu e Silva.

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