Partidos tentam viabilizar candidatura de Aldo Rebelo

Enquanto PT e PMDB brigam nos bastidores pelo direito de disputar a presidência da Câmara, um grupo suprapartidário que inclui até representantes petistas quer lançar, nesta semana, a candidatura à reeleição do atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP). "A idéia é fazer um movimento para consolidar e reforçar a candidatura de Aldo antes de os deputados saírem para as festas de Natal", resumiu ontem o deputado Renato Casagrande (PSB-ES).

Neste cenário, a nova bancada do PMDB, que se reuniria amanhã para escolher seu candidato a presidente da Câmara, remarcou o encontro para quarta-feira e já há uma articulação para que o partido não escolha agora o adversário de Aldo Rebelo. É o que defendem pelo menos dois peemedebistas cotados para o cargo de presidente, além do líder Wilson Santiago (PB), que sugere a criação de uma comissão de peemedebistas para negociar com os demais partidos da base aliada.

"Embora meu nome esteja colocado, acho que devemos buscar o entendimento em vez de ampliarmos a disputa", prega o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). "Candidato para valer tem que ter o mínimo de costura política dentro da base aliada", concorda o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), apontado por petistas como a mais forte opção do PMDB na sucessão da Câmara.

"Se o Michel Temer acha que pode construir uma candidatura de hostilidade ao governo, que vá em frente e saia candidato", disse Geddel, ao lembrar que o presidente do partido, que ficou com o PSDB na corrida presidencial, também colocou seu nome na disputa. Segundo ele, o momento recomenda cautela. "Não é hora de esticar a corda com o PT, que lançou a candidatura do (líder do governo) Arlindo Chinaglia (PT-SP), na semana passada", aconselha.

O líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), considera "normal" a ofensiva do grupo suprapartidário em favor de Aldo Rebelo e também prega o diálogo. "Temos três candidaturas, mas só há lugar para um. A questão agora é convencer ou ser convencido de que o outro é a melhor opção", afirma o líder.

"Do mesmo jeito que achamos que Arlindo tem condições de vitória temos de respeitar a avaliação de outros líderes da nossa base de que Aldo tem mais chances de vencer", prossegue o petista. Mas, ao mesmo tempo em que insiste na tese de que o momento não deve ser de intransigência, Fontana nem cogita da hipótese de o PT retirar seu candidato. Não, pelo menos por enquanto.

Dividido

O PL está dividido entre as candidaturas do PT e do PC do B, ficando a maior fatia com o petista. Cauteloso, o líder do PL na Câmara, Luciano Castro (RR), avisa que não participará do jantar ou almoço que o grupo suprapartidário programa para lançar Aldo Rebelo. "Só vou entrar em candidatura consolidada. Não vou levar meu partido para uma aventura", afirma o líder que pretende discutir este assunto com a bancada só na próxima semana. A idéia é aguardar o resultado da reunião do presidente Lula com os presidentes de partidos aliados.

Recém-eleito senador, Casagrande está à frente da articulação pró-Aldo que, além de contar com a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de deputados dos vários partidos da base governista, tem também o apoio de partidos da oposição. Defensores das cláusulas de barreira que dificultavam a vida dos partidos nanicos e a candidatura de Aldo pelo pequeno PC do B, o PFL e o PSDB sentem-se liberados para apoiá-lo depois da decisão da Justiça, que derrubou o impedimento legal na semana passada.

"Nossa primeira opção é pela defesa do princípio da maioria presidir a Casa. Mas se o PMDB não respeita a regra que dá ao PFL o status de maior partido no Senado, nós ficamos com o candidato que tem mais confiança da oposição na Câmara", resume o líder pefelista, deputado Rodrigo Maia (RJ), referindo-se a Aldo Rebelo. Livre do "constrangimento legal" que dificultava o apoio ao comunista, o líder não hesita em afirmar, agora, que seu partido prefere Aldo "porque ele é um presidente que assume e honra seus compromissos".

Ao menos por enquanto, porém, Aldo Rebelo nega que tenha qualquer pretensão pessoal de se reeleger. "A presidência da Câmara ou é um projeto, se possível, de toda a instituição, ou, pelo menos, um projeto que seja amplamente majoritário. Portanto não tem sentido o lançamento de minha candidatura individualmente", afirmou Rebelo nesta segunda-feira (11), sem mencionar a articulação em torno do seu nome.

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