Partidos brigam para aumentar bancadas

Em meio à disputa pela presidência da Câmara, os partidos da base aliada correm contra o tempo para aumentar o tamanho de suas bancadas de deputados e, dessa forma, conquistar o comando de comissões permanentes da Casa. Depois do PT, que na semana passada avisou que pretende formar um bloco parlamentar para não perder a posição de maior partido da Câmara agora é a vez do PFL, hoje com a terceira maior bancada de deputados, se movimentar para não ser rebaixado no ranking da Câmara.

As novas filiações ao PFL estão sendo lideradas pelo prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, em um contraponto ao ex-governador Anthony Garotinho, que levou sete deputados para o PMDB, passando a bancada de 77 para 84 deputados, na semana passada, e ameaçando a supremacia do PT, que conta com 90 deputados. Até segunda-feira que vem, dia 14, o PFL quer ter em seus quadros pelo menos 65 deputados – atualmente, são 62. As negociações comandadas pelo prefeito carioca já estão adiantadas com o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), candidato derrotado à prefeitura de Niterói, e ex-adversário político do prefeito. Segundo pefelistas, Moreira estaria disposto a trocar o PMDB pelo PFL.

O ingresso de Moreira no PFL ficou mais fácil depois que o líder eleito do PFL e filho do prefeito, deputado Rodrigo Maia (RJ), começou a namorar uma enteada do peemedebista. Decidida a não perder espaço na Câmara, a cúpula do PFL não poupa esforços para manter em seus quadros o ex-líder do partido e atual primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE). "Acho que muitos deputados querem que o Inocêncio permaneça no PFL", disse hoje (7) o líder do PFL e candidato à presidência da Câmara, José Carlos Aleluia (BA).

Formalmente, Inocêncio ainda não se desfiliou do PFL e a cerimônia que iria marcar seu ingresso no PMDB foi adiada para depois do Carnaval. O articulador para manter o deputado na legenda é o ex-vice-presidente da República e senador Marco Maciel (PFL-PE). Na semana passada, Maciel passou a madrugada de terça-feira para quarta-feira tentando convencer Inocêncio a permanecer na legenda.

Para que a bancada do PFL fique com 65 deputados e o partido possa continuar tendo o direito de presidir duas comissões permanentes da Câmara, a cúpula pefelista já pediu a três deputados que estão em cargos nos Estados ou municípios que reassumam suas cadeiras esta semana na Câmara. "Com a volta desses secretários, vamos facilmente atingir os 65 deputados", afirmou Aleluia.

A preocupação do PFL cresceu depois que o PC do B, PDT, PSB, PV e PPS anunciaram que pretendem criar um bloco parlamentar, no dia 14, que contará com 69 deputados. O bloco passará a ser a terceira força na Câmara, posição hoje ocupada pela bancada pefelista. "Não estamos com medo desse bloco porque ele prejudica muito o governo. E duvido que o governo permita esse bloco", disse o líder pefelista.

O aumento das bancadas dos partidos não interfere na composição da futura Mesa Diretora da Câmara, que será eleita no dia 14 de fevereiro. Os cargos de cada partido na Mesa já estão definidos com base no tamanho da bancada em 15 de dezembro de 2004.

Como maior partido da Câmara, o PT continua com direito de indicar o presidente da Casa e o escolhido pela bancada é o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Ele aproveitou a carnaval para reforçar sua campanha, telefonando para os deputados em busca de votos.

Mas, apenas no dia da eleição é que a maioria dos partidos governistas e de oposição fechará o apoio ou não a Greenhalgh. O líder do PSDB, deputado Custódio Matos (MG), que na semana passada conversou reservadamente com o candidato oficial do PT, afirmou que a tendência do partido é votar em Greenhalgh. "O PSDB considera importante respeitar a proporcionalidade das bancadas na escolha do presidente da Câmara", disse, para acrescentar que, na conversa com o candidato, discutiu alguns compromissos para promover o equilíbrio da atividade legislativa.

Os tucanos reclamam que, na gestão atual, a oposição ficou sem acesso a relatorias de projetos, sempre distribuídas aos partidos da base aliada sem respeitar o rodízio. "Além disso o contéudo dos projetos eram conhecidos na hora da votação, dificultando a atuação do parlamentar", disse Custódio. "Se Greenhalgh não se comprometer em conduzir de forma diferente a Câmara, não teremos razão em votar nele", resumiu o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP).

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