Santinhos sujam cidades e dão trabalho

Os candidatos ainda insistem em espalhar seus santinhos nos arredores dos locais de votação, numa demonstração clara de desrespeito ao meio ambiente e ao cidadão. São toneladas e toneladas de papéis, que nem ao menos serão reciclados porque estão molhados devido a chuva que caiu no domingo em quase todo o estado. O diretor do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, Nelson Xavier Paes, diz que na capital a limpeza só deve terminar na quinta-feira. Na eleição de 2004 foram retirados das ruas 20 toneladas de papéis.

Segundo o Artigo IX da Lei Eleitoral 9.504, é proibido fazer propaganda no dia da eleição. Para não perder a chance de ganhar o voto dos indecisos ou então ajudar quem esqueceu o número do seu eleito, os cabos eleitorais despejam nas ruas pilhas e pilhas de papéis com informações sobre os candidatos durante a madrugada. Quando amanhece, o eleitor se depara com todo aquele lixo. ?Reflete a sujeira do partido e o desrespeito com o cidadão?, avalia o eleitor Cristiano Ramos.

A estratégia usada pelos políticos, além de poluir o meio ambiente, é desnecessária. Em todos os locais de votação há listas oficiais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com informações sobre todos os candidatos e podem ser consultadas pelos eleitores.

Mas enquanto a mentalidade dos políticos não muda, são os garis que têm muito trabalho. Devido a chuva, os santinhos grudaram no chão e dificultaram a varrição. Mesmo antes de iniciar a votação, no domingo, 320 homens já estavam trabalhando nas ruas próximas aos quatrocentos locais de votação. Em fins de semanas normais, apenas 30 pessoas fazem a manutenção do anel central da cidade. Ontem, o número de garis subiu para 700 e deve se manter assim até quinta-feira, dia previsto para terminar o trabalho. Em dias normais, cerca de 400 trabalhadores fazem a limpeza, os outros 300 tiveram que ser remanejados de outras funções.

Na última eleição, cerca de 20 toneladas de papéis foram retiradas das ruas, mas dessa vez Paes calcula um número inferior. A quantidade de material recolhida nessas eleições só será conhecida quando terminar o trabalho. No domingo já foram colhidas 3,2 toneladas. Todo o material vai ser encaminhado para o aterro da Caximba porque não poderá ser reciclado. ?Os papéis estão sujos de areia devido a chuva que caiu no domingo?, explica Paes.

A população também pode colaborar fazendo a limpeza em frente às residências e pontos de comércio. ?A Prefeitura garante a limpeza, mas quem quiser e preferir pode se adiantar em recolher o material por conta?, diz a gerente de Limpeza Pública da Prefeitura, Gisele dos Anjos. A Prefeitura aguarda orientação do Tribunal Regional Eleitoral sobre a limpeza dos cartazes colados em tapumes e muros da cidade. 

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