Programa recupera bacia do Rio Iguaçu na RMC

As áreas degradadas dos afluentes do Rio Iguaçu, nos municípios de Araucária e Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba, começarão a ser recuperadas a partir dos próximos meses. Na manhã de ontem, foi assinado um convênio entre o Colégio João Paulo I (de Araucária) com a Petrobras, por intermédio da Refinaria Getúlio Vargas (Repar); para a implantação do projeto Veias do Iguaçu.

Aliando a recuperação ambiental à geração de renda, o Veias do Iguaçu propõe o plantio de vime e plantas nativas por jovens de famílias de baixa renda que residem nas áreas ribeirinhas, afim de dificultar o acesso aos rios e, como conseqüência, reduzir o assoreamento e melhorar as condições ambientais. Este plantio será acompanhado por técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que farão estudos científicos para analisar o comportamento das espécies.

O diretor do departamento de proteção ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Araucária, Eduardo Kuduavski, explica que todo o projeto respeita as imposições da lei sobre as Áreas de Proteção Ambiental (APA). “Dentro da faixa que são consideradas APAs, plantaremos somente espécies nativas, conforme determina a lei. Já o vime será plantado em associação com plantas nativas, fora destas faixas”, ressalva.

De acordo com o IAP, o emprego do vime na recomposição da vegetação das margens dos rios é salutar por permitir a proteção do solo, uma vez que impede a ação direta do sol. Esta proteção, favorece o desenvolvimento de espécies vegetais que necessitam de sombra para germinação das sementes.

Junto a finalidade ambiental, a escolha do vime também foi motivada por aspectos financeiros. Esta espécie vegetal pode servir de matéria-prima para a confecção de utensílios e móveis, convertendo-se numa opção de geração de renda das famílias. “Além da remuneração dos jovens durante a etapa de plantio, as comunidades que vivem nestas áreas também serão beneficiadas, pois poderão contar com esta nova fonte de renda e é isto que dará autosustentabilidade ao projeto, passados estes dois anos de implantação”, avalia o gerente-geral interino da Repar, o engenheiro Francisco Raymundo Cerqueira Neto.

Vale destacar que o período de dois anos, segundo o projeto, é tempo suficiente para o vime estar no estágio correto para o início das podas. “Os galhos do vime que serão a matéria-prima para a produção de móveis e artesanato”, esclarece Kuduavski.

O projeto foi desenvolvido, durante os últimos cinco anos, por estudantes e técnicos ambientais do Colégio João Paulo I, que é uma instituição de ensino médio que oferece a formação técnica em Ambiente. “Muitos dos estudantes do colégio fazem estágio na Repar; desde a fundação da escola temos parcerias”, informa Neto. Participaram também do projeto as Secretarias de Ação Social e de Agricultura de Araucária, o Rotary Club, a Emater-PR, a Companhia de Desenvolvimento de Aaraucária (Codar), além de associações de empresários e comerciantes dos dois municípios.

No decorrer dos próximos dois anos, a Petrobras investirá R$ 234 mil no Veias do Iguaçu. “Consideramos um investimento de porte”, avalia Neto, acrescentando que entre 2000 e 2002 a empresa investiu, só no Paraná, cerca de R$ 16 milhões em projetos sociais e culturais; e outros R$ 19 milhões em projetos ambientais.

Renda

O Veias do Iguaçu possui um calendário de atividades, regido por um cronograma de risco financeiro da Petrobras, que inclui: cursos de industrialização do vime e artesanato e palestras de educação ambiental. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Araucária, com a assinatura do convênio os passos seguintes serão o encontro de uma sede e a seleção dos jovens para fazer o plantio das mudas. Esta seleção ficará sob a responsabilidade da Secretaria de Ação Social de Araucária, que utilizará como critério de escolha a situação financeira dos mesmos e se eles estão devidamente matriculados em uma escola.

Os selecionados receberão uma bolsa-auxílio no valor de meio salário-mínimo durante os dois anos de atividades.

Outra ação prevista é a criação de uma associação de artesãos que auxiliará, num segundo momento, as famílias interessadas em produzir móveis e artesanato a partir do vime. O diretor do departamento de proteção ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Araucária, Eduardo Kuduavski, acredita que é este envolvimento da comunidade que assegurará o sucesso do projeto. “A educação ambiental só se efetiva com a participação”, ressalta. “Certamente, os beneficiados pelo Veias do Iguaçu desevolverão uma relação melhor e mais racional com o ambiente.”

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