Medicamentos lideram ranking do Sinitox

Ingestão indevida de remédios é a principal causa de intoxicação no Brasil. É o que mostra a compilação dos dados do Ministério da Saúde por meio do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), divulgados nesta semana.

Dos quase 108 mil casos de intoxicação registrados em 2006, os medicamentos lideram com 30,5% das ocorrências, seguida por intoxicação de animais peçonhentos, como o escorpião (19,9%) e produtos sanitários de uso doméstico (11%).

O principal problema está no envenenamento com crianças por produtos de limpeza, higiene pessoal ou medicamentos. A maioria dos acidentes pode ser evitada, conforme aponta Marli Perozin, da unidade de farmaco-vigilância da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

“A maior parte dos casos acontece por causa de uma banalidade, como deixar um comprimido no criado-mudo ou quando a criança mexe na bolsa da avó”, exemplificou.

A cultura da auto-medicação excessiva dos brasileiros, quando observada pelas crianças, também pode levar à intoxicação. “A criança aprende com o adulto, quando este toma um ‘comprimidinho’ a toda hora”, disse Perozin.

A dica básica é manter produtos tóxicos longe do alcance das crianças, o que significa deixar esses produtos trancados, em lugares altos e seguros. “Ainda são muitos os casos que atendemos de criança que tomou soda ou detergente”, afirmou.

A natural curiosidade infantil pelo paladar, o que faz com que muitas crianças ingiram comprimidos, pode ser combatida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Existe um sistema de notificação a partir do qual os estados repassam os casos de intoxicação que mais aparecem com um determinado medicamento. Com base nessas informações, a Anvisa pode determinar que o laboratório responsável produza o medicamento não tão saboroso ou fortaleça a tampa para evitar que seja aberta facilmente”.

Em caso de ingestão de qualquer substância pela criança, a recomendação é que os pais não tentem remediar a situação em casa. “É correr para o atendimento médico mais próximo, porque na angústia de querer ajudar, o risco de piorar a lesão é muito grande”, alertou. Para tirar dúvidas, o telefone para atendimento 24 horas dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciat) é o 0800-41-01-48.