INSS agenda perícias médicas apenas para 2004

O Natal vai ser ?magro? para centenas de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que precisam receber o benefício de auxílio-doença. Por causa da greve dos médicos peritos, iniciada no último dia 3, os exames foram transferidos para janeiro e fevereiro e, sem eles, nada de pagamentos.

Em Curitiba – cidade que registra uma das situações mais críticas do Estado, onde todos os médicos peritos estão em greve, assim como em Londrina -, as perícias médicas estão sendo agendadas para janeiro ou fevereiro, dependendo o caso. Estima-se que, por dia, cerca de 300 pessoas não recebem atendimento na capital.

Em todo o país, são cerca de 35 mil perícias que estão deixando de ser realizadas diariamente, segundo a Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência (ANMPP).

?A paralisação é uma medida extrema. Tentamos evitar a todo custo, mas não houve jeito?, lamenta o presidente da Associação Estadual dos Médicos, Chil Zunsztern.
A categoria reivindica a estruturação da carreira de perito e a realização de concurso público para que ocorra o fim da terceirização do trabalho de perícias médicas no INSS. ?Não há concurso desde 1976?, aponta, acrescentando que esta é a primeira greve da categoria.

Segundo Zunsztern, a luta é também pela ?estrutura e reconhecimento da função.? ?Nosso conhecimento médico precisa ser profundo e geral: ortopedia, odontologia, psiquiatria. No entanto, falta sensibilidade do governo em voltar à mesa de negociação?, diz. Atualmente, o salário dos peritos, segundo Zunstern, é de R$ 1,3 mil. Cada posto do INSS conta hoje com cerca de três médicos peritos, enquanto o ideal seria de 12 a 15, de acordo com Zunstern.

Dificuldade financeira

O motorista carreteiro Sérgio Roberto Blaszczar, 44, era um dos aguardavam ontem na fila do INSS. Em novembro, ele se submeteu a uma cirurgia de hérnia no umbigo. Tentou fazer a primeira perícia médica no último 8, sem sucesso. Voltou ao INSS no dia 16 e novamente ontem. ?Desta vez, marcaram para o dia 26 de janeiro?, contou.

Segundo o motorista, ele recebeu apenas o primeiro benefício, em novembro, no valor de R$ 820,00, mas não em dezembro. Se estivesse trabalhando, conta, receberia entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil, incluindo as comissões. ?Encostado pelo INSS estou recebendo menos e ainda nem sei quando vou receber de novo?, comentou.

O montador de circo Ederson Adriano dos Santos, 22 anos, enfrenta situação semelhante. Ele está afastado do trabalho há um ano e quatro meses, por conta do rompimento do ligamento do joelho e tinha perícia médica marcada para ontem. ?Se estivesse trabalhando, eu ganharia cerca de R$ 600,00, enquanto o meu benefício é de R$ 295,00. Já cortaram a luz de casa, a água e a minha mulher está grávida?, afirmou.

O motorista Gilceu Maria Alves, 38, também reclama de dificuldades financeiras. Ele fez a primeira perícia médica no dia 24 de novembro e ontem faria a segunda. ?A greve está atrapalhando muito. Estou sem receber há dois meses?, conta.

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