Hospital de Curitiba utiliza videogame na fisioterapia

Jogar videogame e ao mesmo tempo mexer o corpo. Isso já é possível com aparelhos de última geração, que estão entre os pedidos mais constantes de crianças e também de adultos na hora das compras. Mas o videogame deixou de ser uma opção de lazer para tornar-se uma ferramenta de recuperação.

O Nintendo Wii, que permite a realização de movimentos reais em situações virtuais, é utilizado nas sessões de fisioterapia em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Vita, em Curitiba.

A experiência começou em março deste ano e está rendendo bons resultados, tanto em crianças quanto em adultos. Os pacientes jogam tênis e golfe. Lutam boxe e até se exercitam em uma academia. Tudo virtualmente, mas que exige a execução dos movimentos.

Cada sessão dura trinta minutos, dependendo das condições e da capacidade do paciente. A atividade está sendo aplicada na reabilitação de pacientes cardiopatas, com problemas neurológicos e que sofreram traumas (acidentes).

“Até alguns pacientes mais graves, que dependem de ventilação, conseguem participar. Os cardiopatas que já jogavam golfe ou tênis, por exemplo, têm o movimento definido no cérebro e isto ajuda ainda mais na recuperação deles”, comenta Esperidião Elias Aquim, coordenador geral da fisioterapia do Hospital Vita.

O videogame também é levado para os pacientes que estão em quartos. Especificamente na UTI, existe um espaço próprio para a realização de fisioterapia. Quem não gosta muito e reclama dos exercícios com pesinhos e bicicleta ergométrica, por exemplo, não hesita em jogar o videogame.

“O que era difícil para os pacientes, mudou. Hoje eles esperam e cobram por esse momento”, explica Aquim. Toda atividade é supervisionada por fisioterapeutas, que às vezes precisam conter os ânimos de quem está jogando.

O coordenador da fisioterapia na UTI do Hospital Vita, César Luchesa, conta que, além do exercício, o videogame auxilia na distração, no equilíbrio e na força. Ajuda a passar o tempo.

A paciente Neide Nogueira, de 50 anos, está há dois dias na UTI e já teve o contato com o videogame. Ontem, praticou boxe. “A gente cansa de ficar deitada. E eu nunca tinha jogado videogame. Só joguinho no celular mesmo”, revela.

Os resultados obtidos no hospital com essa experiência serão apresentados no Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva, marcado para novembro. “Não temos conhecimento de nenhum outro hospital que usa o videogame como ferramenta de técnica terapêutica”, assegura Luchesa.