Hospital de Clínicas vacina voluntárias contra HPV

Mais de sessenta, das 200 voluntárias já inscritas na terceira fase da pesquisa com a vacina contra HPV, começaram a ser vacinadas ontem no Hospital das Clínicas (HC) de Curitiba. As mulheres, entre 15 e 25 anos, que chegavam para receber a vacina, eram orientadas e tinham de passar até por uma espécie de prova para aplicar o que entenderam.

De acordo com o coordenador da pesquisa do HC, o ginecologista e professor Newton de Carvalho, as primeiras informações que são passadas às voluntárias são sobre as doenças sexualmente transmissíveis, assim como sobre a importância do uso do preservativo. "Depois a gente explica os detalhes a respeito do estudo da vacina e fala da importância de elas cumprirem esses quatro anos e as dez visitas previstas nessa fase", afirma o médico. Ainda segundo o coordenador da pesquisa, a intenção, e necessidade, é de obter um termo de consentimento livre, que pode ser retirado a qualquer momento, se for de vontade da voluntária, e, principalmente, esclarecido. "Elas respondem a uma espécie de provinha sobre os itens explicados para saber se elas estão esclarecidas. Se sentirmos que resta alguma dúvida, a gente explica tudo de novo", afirma Newton de Carvalho.

As menores de idade foram receber a primeira vacina acompanhadas das mães, que segundo o médico, também têm de ser esclarecidas para poderem fornecer, assim como a voluntária, um termo de consentimento. "E se for o caso de uma analfabeta, deve haver uma testemunha", explica o ginecologista.

A voluntária Suélen Kowalski, de 18 anos, conta que ficou sabendo da pesquisa através de O Estado e decidiu participar. "Pela reportagem eu já fiquei interessada e liguei para o hospital. É bom para evitar a doença; e pelos exames que a gente faz, que nos postinhos é muito difícil", afirma. Suélen estava acompanhada da mãe que ainda tinha suas dúvidas em relação ao HPV. "Ela falou: mãe, vou ligar para o hospital. Eu perguntei se precisava mesmo. Então ela explicou todos os benefícios. Mas, uma vez, eu li que o HPV pega em banco de ônibus e banheiro, eu não sei", comenta Sulei Kowalski, 49 anos. Mesmo antes da orientação, o médico garantiu a dona Sueli que essas situações são pouco prováveis.

Todo esse trabalho de orientação, esclarecimento e organização de documentos é indispensável para o estudo. "Isso é uma coisa superséria. Já passamos por auditorias. Ingleses e americanos vieram aqui e aprovaram o nosso trabalho. No final do estudo, o FDA (Food and Drugs Administration) americano, o equivalente à nossa Anvisa, vem para outra auditoria", afirma Newton de Carvalho.

Essa terceira fase tem vaga para 400 mulheres e a vacinação, que começou ontem, continua hoje, amanhã e já está programada para a próxima semana, na terça e na quinta-feira, das 15h às 18h, e no sábado das 8h às 18h. Segundo o médico, a vacina é importante para evitar a infecção pelo papillomavírus (HPV), evitando e diminuindo a incidência de câncer no colo do útero. Apesar de a vacina já ser considerada pelo médico 100% segura e eficaz, durante a vacinação uma sala estava preparada, com oxigênio e adrenalina, para atender caso a vacina provocasse reação em alguma paciente.  

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