Famílias ameaçam zona de preservação

Um grupo de oitenta famílias oriundas da periferia de Curitiba ameaça invadir a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do Estado. Abrigados em uma fazenda que está sob posse de um agricultor da região, os sem-terra dizem ter apoio do MST e estar “aguardando ordem externa” para ocupar outras fazendas, como forma de pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a lhes destinar um pedaço de terra. Na noite de anteontem, chegou mais um ônibus com sem-terra e, segundo os invasores, são esperadas mais mil pessoas neste fim de semana.

Ambientalistas estão receosos com os impactos de uma ocupação em uma área de proteção ambiental como Guaraqueçaba, que abriga o mais importante remanescente de Floresta Atlântica no País. A região é uma Unidade de Conservação federal desde 1985 e está sob administração do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “A APA de Guaraqueçaba é prioritária para a conservação da biodiversidade do ecossistema da Floresta Atlântica”, afirma João Capobianco, secretário executivo de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. A APA abriga um ecossistema rico, inclusive algumas espécies ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-cara-roxa e o mico-leão-de-cara-preta.

Além de estar sujeita a uma série de restrições para a atividade econômica, a APA tem solo impróprio ? tecnicamente comprovado ? para atividades agrícolas, o que acabaria por expulsar os sem-terra do local em um futuro próximo. “O litoral do Paraná não é adequado para assentamentos porque, além de ter extensas áreas de preservação ambiental, possui um solo pouco fértil para a agricultura. Nossos agricultores locais já passam dificuldades”, diz a prefeita de Antonina, Munira Peluso.

MST ocupa área da Monsanto

Cerca de noventa trabalhadores rurais sem terra ocuparam ontem de manhã uma estação experimental da multinacional Monsanto, a 10 km do centro de Ponta Grossa. Arrendada há três anos, a área de 48 hectares foi usada pela empresa para plantar milho e soja geneticamente modificados. Roberto Baggio, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), adiantou que as lavouras de transgênicos no Estado serão ocupadas. No dia 9 de maio, oitocentas pessoas lideradas pelo MST, Pastoral da Terra, Federação da Agricultura Familiar haviam ocupado a unidade e destruído parcialmente seus laboratórios. A estação de pesquisa, na Estrada Taquari dos Russos, dispõe de uma área de 43 hectares agriculturáveis. A Monsanto garante que os testes estão em total conformidade com as leis brasileiras.

Voltar ao topo