Risco sério de acidente

Falta infraestrutura e segurança em trecho da Estrada da Ribeira

Trajeto que consegue reunir o pior da omissão do poder público em termos de infraestrutura e segurança. É a conclusão que se tem ao tentar cruzar um terço dos 122,4 quilômetros da Estrada da Ribeira, a rodovia BR-476. De Curitiba a Tunas do Paraná (entre os km 66 e 108), buracos foram incorporados à paisagem e o intervalo entre um estreitamento de pista e o seguinte não dista nem 10 quilômetros de percurso com pouco mais de 40 quilômetros de extensão. E tudo isso, sem acostamento.

Os chamados estreitamentos levam os motoristas que seguem nos dois sentidos da pista simples da estrada a dividirem meia pista em pelos menos seis pontos da travessia onde houve desmoronamento de terra ou afundamento da rodovia. Nesses pontos os veículos também compartilham o risco iminente de colisão e, mesmo os profissionais do volante, não conseguem evitar. “Em sete anos nesse trajeto, sofri dois acidentes, apesar dos meus 15 anos de estrada e todo o cuidado que tenho ao passar por aqui”, informa o caminhoneiro Valdenir Simioni, 52. De segunda a sexta-feira, ele cruza duas vezes por dia a Estrada da Ribeira, porque transporta lascas de madeira de Araucária até Tunas. “Existem pontos de desmoronamento que nunca foram reparados desde que comecei com esse serviço em 2006. E nas duas vezes que bateram em mim, na verdade, não houve culpados, já que em meia pista não tem para onde desviar”, lamenta. A reportagem da Tribuna verificou vários pontos críticos, porém, também flagrou muitos atos de imprudência por parte dos motoristas.

Simioni considera que por golpe de sorte, em nenhum dos acidentes se feriu gravemente, mas os prejuízos financeiros são constantes. “Além das perdas com as batidas, o desgaste acelerado dos pneus e as molas são permanentes”, comenta. Segundo a comerciante Lucilene Braz Bernardo, 31, o movimento na Banca do Ozéias costuma aumentar quando alguém se acidenta, mas nem por isso diz estar satisfeita com a situação da rodovia. “Ninguém arruma nada por aqui. O aumento no faturamento não compensa os sustos e o medo constante que sentimos”, desabafa.

Projeto

A assessoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) explicou que levantou 31 locais nos 122,4 quilômetros de extensão da Estrada da Ribeira entre Curitiba e Adrianópolis que integram projeto de Eliminação de Pontos Críticos na rodovia. Assim que o projeto for aprovado as obras serão licitadas sob o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), cuja tramitação é mais rápida que outras modalidades de licitação. Segundo o DNIT, a previsão é que a licitação ocorra neste ano.

Posto sem infraestrura. Rota de fuga pra SP

Na altura do km 66, o Posto da Polícia Ambiental Tunas do Paraná se configura no monumento ao abandono da Estrada da Ribeira. Apenas um policial fica de plantão e em condições precárias de comunicação e de estrutura. A atividade se volta à segurança da própria sede, porque qualquer unidade policial é visada por bandidos que buscam roubar armas e munições.

Não há viatura no local e existem acusações que não existe comunicação pois o celular não pega e não há aparelho de rádio disponível. “É meramente decorativo o papel da polícia aqui. E quem rouba madeira e outras riquezas naturais encontra nesse caminho rota fácil de desvio para São Paulo”, denuncia um homem que não quis ser identificado.

Sem previsão

A assessoria de imprensa da Polícia Militar nega que o local não tenha rádio. Explicam também que o patrulhamento móvel complementa o policiamento ambiental, que só é feito mediante denúncias, “porque a fiscalização compete ao Instituto Ambiental do Paraná a, fiscalização”. O Batalhão de Polícia Ambiental do Paraná também argumentou que há a tentativa de aumentar para dois o número de policias no posto, porém, não tem data ou orçamento confirmados para que isso realmente ocorra.