Depredação prejudica trabalho de ONG em Curitiba

Depredações, pichações e ameaças se tornaram uma constante na organização não governamental (ONG) Centro de Integração Digital (CID) São Luis Orione, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba.

No último fim de semana, o CID teve paredes pichadas e parte da construção externa e cadeiras incendiadas.

Em um ano, foram mais de dez ocorrências, com mais pichações, depredação da estrutura, roubo de videocassete, som e até do lanche das crianças atendidas pelo CID.

Na parede da ONG, muitos recados foram deixados, como o ?aqui quem manda é o CNG?, o que foi identificado pelo presidente do CID, Algair Ernesto Alves, como um grupo de pessoas envolvidas com drogas no bairro. ?Desde que viemos para esse endereço, há um ano, não tivemos mais sossego?, disse.

Para Alves, a existência da ONG tem incomodado quem tentava usar as crianças que hoje passam o dia no Centro para o tráfico. ?Já pediram para um menino de nove anos passar droga de um bairro para outro?, exemplificou.

Ameaças indiretas também são freqüentes. ?Já recebi recados por meio das próprias crianças. Sempre pergunto quem mandou o aviso, mas o medo é maior e ninguém fala?, lamenta Alves.

Segundo ele, muitos sabem quem são os responsáveis pelos atos de vandalismo, mas o receio de represálias faz com que impere um acordo de silêncio a respeito dos envolvidos.

O trabalho

A ONG atende cerca de 80 crianças, diariamente, com apoio escolar, aulas de informática, curso de inglês, artesanato e esportes. Para conter a invasão da propriedade, foi colocada uma cerca de arame, que já foi aberta.

A persistência tem se revelado fundamental para enfrentar as adversidades, como explica o presidente da ONG. ?Eles vão pichar, nós vamos repintar, eles vão depredar, nós vamos consertar?, responde, confiante.

Muito da decisão vem dos resultados do trabalho. ?O comportamento das crianças que começaram a freqüentar o centro mudou muito desde que aqui chegaram. Sabemos que é um trabalho que está dando certo e não podemos parar. E, para não parar, precisamos de proteção?, reivindica.

Alves admite que essa foi a primeira vez que fez um boletim de ocorrência. ?Estamos planejando mobilizar os pais para ajudarem nas denúncias, porque à noite tem luz forte na frente. Com certeza pessoas das proximidades já devem ter visto alguma coisa.?

A Polícia Militar informou que o cidadão que perceber intenção de furto ou depredação deve denunciar pelos telefones 190 ou 181. Detalhes como a placa de um veículo ou fisionomia dos suspeitos devem ser ressaltadas à polícia, que pode fazer um patrulhamento nas redondezas. A denúncia pode ser anônima.

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