Ciclistas arriscam a vida nas canaletas do expresso

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Pedalar nas canaletas
é colacar a vida em risco.

Na semana passada, um acidente com um ciclista chocou os motoristas que passavam pelo quilômetro 106 da BR-116 (Contorno Leste), em São José dos Pinhais. O condutor da bicicleta cruzou a pista em frente a um caminhão parado no acostamento, não podendo ser visto por quem trafegava na rodovia. A travessia resultou em um choque com outro caminhão que estava em movimento na estrada. O ciclista morreu na hora.

Esse é apenas um dos freqüentes acidentes envolvendo ciclistas em Curitiba e Região Metropolitana, que normalmente geram lesões graves às vítimas e podem levar a óbito. Segundo o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), foram registrados 700 acidentes com bicicletas, de janeiro a setembro deste ano, somente na capital.

Muitos deles são motivados pela desobediência dos ciclistas quanto às normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Eles não respeitam a sinalização, andam na contramão, não prestam atenção na movimentação nas ruas e pegam "carona" nas partes de trás ou laterais dos ônibus. Em Curitiba, há um problema ainda maior: o tráfego de bicicletas nas canaletas dos ônibus expressos.

A 2.º-tenente Débora Cristina Scremin, chefe do Centro de Instrução, Atualização e Pesquisa, explica que o ciclista deve andar do lado direito da pista (o mais próximo do meio -fio), seguir o fluxo da movimentação dos carros e respeitar todas as sinalizações, inclusive os semáforos. Quando a pessoa está sobre a bicicleta, o conjunto passa a se portar como qualquer outro veículo na rua. Se no percurso houver ciclovia, ela deve ser utilizada.

De acordo com a oficial, os ciclistas argumentam que andar na canaleta é muito mais seguro do que dividir espaço com os carros na rua. "Houve uma redução de acidentes nas canaletas este ano. A orientação é que realmente não utilizem essa via. Os ciclistas dizem que o movimento é menor, mas as chances de acidentes mais graves são maiores com os ônibus", comenta Débora.

Ao lado das vias dos ônibus expressos, existem placas informando a proibição de bicicletas no local e a orientação para que os ciclistas evitem acidentes. Mesmo com os avisos, o estudante José Ricardo utiliza a segurança como argumento para andar de bicicleta constantemente na canaleta. "Os carros não respeitam os ciclistas. A canaleta é muito mais segura", avalia.

Já o guarda João da Silva fala que usa a canaleta somente quando está com pressa. "Só hoje (ontem) estou aqui por causa da pressa. Não é seguro. Uso mais pela facilidade. Normalmente, ando pelo lado esquerdo da rua. No direito, não tem acostamento. Tem que tomar muito cuidado porque os motoristas não respeitam quem anda de bicicleta", afirma.

Chance de vários traumas

No último dia 9, um garoto de 14 anos morreu na canaleta da Avenida Winston Churchill, no bairro Capão Raso, ao disputar o espaço com os ônibus expressos. Ele foi atropelado depois que o veículo tentou ultrapassá-lo. Segundo o motorista do ônibus, em declaração no dia do acidente, o garoto provavelmente se assustou com o movimento e perdeu o equilíbrio.

O tenente Eduardo Gomes Pinheiro, relações-públicas do Corpo de Bombeiros, que incorpora o Siate, acredita que o número de acidentes com ciclistas pode crescer em função do aumento de pessoas utilizando a bicicleta como meio de transporte para o trabalho ou escola. "Nem sempre os ciclistas sabem se portar em cima da bicicleta. Eles precisam saber que não possuem pára-choque e são muito mais frágeis em relação aos carros. Nos acidentes, os ciclistas sempre levam a pior", ressalta. Ele ainda informa que esse tipo de ocorrência preocupa bastante, pois há chance de vários traumas surgirem na vítima.

A Resolução 46 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) diz que as bicicletas devem conter espelho retrovisor no lado esquerdo, campainha, e retrorefletores (sinalização noturna) nas partes dianteira, traseira e laterais. O BPTran aconselha os ciclistas a andarem com capacete e utilizar roupas claras quando andarem no período noturno. (JC)

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