Violência antecede visita de Lula ao Haiti

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarca hoje no Haiti com um discurso voltado para a reconstrução do país caribenho, que foi devastado pelo terremoto de 12 de janeiro, no qual 217 mil pessoas morreram e 1 milhão ainda estão desabrigadas. A terceira visita de Lula ao Haiti desde que ele assumiu o governo, em 2003, deve durar, no máximo, seis horas e coincidirá com o aumento inesperado da violência em Porto Príncipe, o que ameaça fazer com que o país caribenho regrida aos níveis de segurança de seis anos atrás, quando a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) teve início.

Três dias antes da chegada de Lula à capital haitiana, militares brasileiros voltaram a disparar rajadas de fuzil contra membros de gangues no violento bairro de Cité Soleil. No dia seguinte, 300 militares foram enviados às ruas com veículos blindados, situação que não ocorria desde o período de “pacificação”, que os próprios militares já consideravam superado.

“Desde que eu cheguei aqui, no dia 4, já prendemos 40 pessoas. Um terço dos capturados já tinha sido condenado, mas fugiu das prisões depois do terremoto”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o general Ajax Porto Pinheiro, que comanda o batalhão brasileiro no Haiti. “O governo haitiano fala em 4.500 fugitivos. É difícil saber ao certo porque a Polícia Nacional Haitiana (PNH) já não tem mais documento nenhum sobre isso. Mas estimamos que 429 destes fugitivos sejam perigosos. E, agora, estamos atrás deles.”

Manifestações

Além da ação renovada das gangues armadas em Cité Soleil, outro problema que desafiará o Brasil na área militar são as manifestações dos sobreviventes do terremoto. Março e abril marcam o período de tempestades tropicais no Caribe. E o descontentamento dos desabrigados com a demora na distribuição de lonas e barracas ameaça fazer com que a Polícia do Exército tenha de reprimir civis haitianos nas ruas da capital.

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