Um santuário em meio à eletricidade

A geração de energia elétrica não é a única atividade desenvolvida pela Itaipu Binacional, localizada na cidade turística de Foz do Iguaçu, na região oeste do Estado. Desde o início da década de oitenta, a empresa mantém em suas dependências o refúgio biológico Boa Vista, uma unidade de conservação que, entre outras atividades, visa a conservação de espécies de animais ameaçados de extinção.

No local, os trabalhos acontecem em três unidades de atendimento à fauna: no hospital veterinário, um espaço de 700 metros quadrados mantido junto com um quarentenário e que também atende animais de outros projetos de conservação desenvolvidos na região de Foz; no criadouro de animais silvestres, e no zoológico Roberto Ribas Lange, inaugurado em meados do ano passado.

Criadouro

O criadouro de animais silvestres não pode ser acessado pelos turistas que visitam Itaipu. O lugar é exclusivo para o desenvolvimento de pesquisas internas sobre espécies que correm risco de ser extintas. Atualmente, são mantidos no espaço 153 animais, de 32 espécies diferentes. As ações são concentradas principalmente em mamíferos e aves pertencentes à fauna da região.

?Em relação aos mamíferos, trabalhamos principalmente com pequenos gatos selvagens (como gato-do-mato, gato-maracajá e jaguatirica) e com o veado-bororó. Todos esses animais estão ameaçados de extinção em função da perda de habitat natural, ocasionada principalmente pela expansão da agricultura e da pecuária?, revela o médico veterinário da Itaipu, Wanderlei de Moraes.

Já no que diz respeito às aves, as atenções são voltadas principalmente ao papagaio-de-cara-roxa, à arara-canindé e à arara-vermelha-de-asas verdes. Recentemente, o criadouro também passou a trabalhar com um casal de harpia (gavião-real ou uiraçu), considerado o maior gavião de toda América do Sul e Central. Os pássaros estão ameaçados pelo mesmo motivo que os mamíferos.

Arara-vermelha

?Entre os trabalhos que realizamos com os animais estão monitoramento de doenças, medicina veterinária preventiva, redução de estresse de cativeiro e estudos de comportamento. Também mantemos parcerias com instituições de pesquisa para o desenvolvimento de projetos na área de reprodução artificial (como inseminação artificial e fertilização in vitro). Procuramos conhecer a forma de reprodução dos animais e guardar material genético das espécies para uso futuro, caso venha a ser necessário.?

Zoológico

Ao contrário do criadouro, o zoológico que integra o refúgio faz parte do complexo turístico de Itaipu, podendo ser visitado pelo público mediante agendamento prévio. O local possui 171 animais, de 49 espécies. Através deles, os visitantes aprendem sobre cadeia alimentar, hábitos noturnos e diurnos, ambientes e extinção. As informações são transmitidas por funcionários que trabalham como monitores. O zôo funciona das 8h às 17h, ficando fechado para manutenção apenas nos domingos e terças-feiras. Mais informações sobre visitação podem ser obtidas pelo número 0800-6454645 ou pelo e-mail reservas@complexoitaipu.tur.br.

Iniciativa foi criada na década de oitenta

Cervo-do-pantanal.

O refúgio biológico Bela Vista foi criado no início da década de oitenta, estando localizado às margens do reservatório de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Além das atividades com os animais, são desenvolvidos no local trabalhos de produção de mudas florestais e plantas medicinais, recuperação de áreas degradadas, pesquisas, turismo e educação ambiental junto à comunidade.

Dentro do local, existem diversas trilhas, como interpretativa Guaimbê (nome de origem guarani que quer dizer ?amigo da árvore?), a de Experiências em Sustentabilidade e a das Águas. A Guaimbê tem percurso de 1.380 metros e leva cerca de uma hora e meia para ser percorrida, sendo utilizada para observação das espécies florestais nativas e interpretação do ecossistema regional, além de estudos de plantas com propriedades medicinais.

A trilha Experiências em Sustentabilidade é um pouco mais curta, com 930 metros de extensão. Porém, ela tem diversos pontos de parada e leva cerca de duas horas para ser percorrida. Nela são apresentados ambientes humanos sustentáveis, economicamente viáveis e ecologicamente corretos. Já a trilha das Águas visa mostrar o uso da água de forma racional pelo homem. Tem percurso de novecentos metros e duração aproximada de duas horas. (CV)

Refúgio é esperança para onças

Tonhão, a onça-pintada recém-chegada ao zôo de Itaipu.

Entre os animais mantidos pelo refúgio Bela Vista, no topo da cadeia alimentar são apresentadas as onças-pintadas. Recentemente, o lugar recebeu um novo exemplar do felino, um macho adulto, de 12 anos de idade, que foi trazido do zoológico das Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp), em Ilha Solteira.

O novo morador é conhecido como Tonho, mas, por pesar 90 quilos, foi apelidado de Tonhão. Ele está fazendo companhia para a onça-pintada Juma, de 14 anos. Além dela, o refúgio também mantém o filhote Valente, que deve completar um ano de idade no início do próximo ano. Ele foi encontrado em uma fazenda do Mato Grosso do Sul e encaminhado à Itaipu Binacional pela polícia ambiental daquele estado. Teve seu nome escolhido através de um concurso interno promovido entre os funcionários do refúgio.

?As onças-pintadas também estão ameaçadas de extinção. Nossa intenção é tentar cruzamentos entre os exemplares que temos. Vamos tentar o nascimento de filhotes de Juma e Tonho. Eles serão aproximados quando a fêmea estiver no cio?, explica o médico veterinário da Itaipu, Wanderlei de Moraes.

Antes do cruzamento, Tonhão deve ter uma bateria de exames de admissão no refúgio analisados pela Universidade de São Paulo (USP). O objetivo dos mesmos é saber se ele está livre de doenças. No começo, o macho será mantido em um recinto localizado ao lado do recinto da fêmea, sendo que inicialmente ambos só terão contato visual, olfativo e auditivo. ?A maturidade sexual das onças ocorre entre os 2 e os 18 anos de idade. Em cativeiro, normalmente, esses animais vivem 25 anos.? (CV)

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