Protestos em Omã são retomados após confrontos

Dezenas de manifestantes realizaram um protesto ao permanecerem sentados na capital de Omã, neste sábado, para exigir investigações sobre os supostos abusos cometidos pelo Estado, após confrontos com forças de segurança que deixaram pelo menos um morto e elevou as tensões no país do Golfo Pérsico.

Os protestos de sexta-feira na cidade industrial de Sohar, norte do país, onde as manifestações tiveram início mais de seis semanas atrás, sugerem que as mudanças e outras concessões feitas pelo governo do país não foram suficientes para acalmar as exigências de maiores liberdades políticas feitas pelos manifestantes.

Um sinal da preocupação com a violência foi a imposição, pelo Exército, de um toque de recolher noturno em Sohar e a presença de unidades estacionadas ao redor dos escritórios do governo e outros prédios importantes da cidade, que fica a cerca de 200 quilômetros a noroeste da capital, Muscat.

Funcionários do setor de saúde, que falaram em condição da anonimato, disseram que um homem de 22 anos morreu na manhã deste sábado por causa dos ferimentos durante os confrontos e que pelo menos outras quatro ficaram feridas. A causa precisa da morte não era conhecida.

Autoridades disseram que usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha em “autodefesa” depois que a multidão começou a atirar pedras e a brandir facas contra a polícia, segundo um comunicado o escritório da promotoria de Omã.

Mas os manifestantes afirmam que a polícia usou munição de verdade.

Foi a segunda morte relacionada aos protestos em Omã desde que as manifestações tiveram início no final de fevereiro para exigir mais oportunidades de emprego e mais participação em assuntos políticos. O governante de Omã, sultão Qaboos bin Said, substituiu mais de 12 integrantes do gabinete e prometeu outras reformas, como a criação de mais 50 mil empregos no setor público.

Mas o governo não conseguiu conter a onda de manifestações e greves que pedem mudanças como mais liberdade de imprensa e o enfraquecimento do controle do atual governo. Até agora, as exigências não incluem a queda do sultão.

Em Muscat, dezenas de manifestantes se sentaram do lado de fora do escritório da promotoria para exigir a libertação de pessoas detidas durante recentes ações das forças de segurança. Os manifestantes também querem uma investigação judicial sobre as mortes de dois manifestantes desde fevereiro.

Os líderes das manifestações convocaram mais protestos em Muscat e em outras cidades do país.

A agitação em Omã ainda é limitada se comparada com outros levantes árabes, mas é observada de perto por causa do estratégico papel do país como coguardião do Estreito de Ormuz. Omã e Irã compartilham a autoridade sobre o importante caminho marítimo no Golfo, por onde passam 40% do tráfego de petroleiros de todo o mundo.

Omã também tem um papel importante como mediador entre o Irã e o Ocidente por causa de seus fortes laços com Teerã e com Washington.

No ano passado, Omã negociou a fiança de US$ 500 mil pela libertação da norte-americana Sarah Shourd, que estava detida no Irã. Shourd e seus dois companheiros norte-americanos – que permanecem detidos em Teerã – foram presos na fronteira entre o Irã e o Iraque em julho de 2009 e acusados de espionagem. As informações são da Associated Press.

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