Países acusados de abusos apoiam ideia brasileira

A carta em que o Brasil sugere que a Organização das Nações Unidas (ONU) evite censurar publicamente países acusados de violar direitos humanos foi recebida com ceticismo por nações europeias, mas foi bem acolhida por delegações africanas e árabes. Países como Argélia, Sri Lanka e Cuba, que acusam regularmente o Conselho de Direitos Humanos de ser uma plataforma para os Estados Unidos e a Europa atacarem governos não-alinhados, saudaram a iniciativa brasileira.

A Argentina disse que não apoiaria a proposta, alegando que o Conselho de Direitos Humanos (CDH) precisa manter mecanismos mais duros para lidar com governos suspeitos de graves violações. “O diálogo, em alguns casos, não funciona. As resoluções condenando um país ainda são necessárias para pressioná-lo. Se optássemos por ir contra as resoluções, seria como se estivéssemos apoiando regimes como os que governaram a Argentina e o Brasil nos anos 70”, afirmou um diplomata argentino, pedindo anonimato.

O primeiro debate sobre a proposta ocorreu em Seul, na Coreia do Sul, há duas semanas. O encontro havia sido promovido por México e França na tentativa de aproximar as posições dos governos em relação à reforma do CDH. Algumas organizações não-governamentais (ONGs) não descartam a proposta, mas esperam que o Brasil dê mais detalhes. A princípio, são favoráveis ao estabelecimento de mais um canal de comunicação com países violadores de direitos humanos.