ONGs de direitos humanos criticam proposta do Brasil

Ativistas de direitos humanos questionam a proposta brasileira de suavizar o tratamento dado a regimes ditatoriais na Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto governos de Arábia Saudita, Cuba, Síria e Irã devem apresentar um novo documento que vai na mesma direção da ideia sugerida pelo Itamaraty. O Brasil enviou cartas a todos os países da ONU com o objetivo era iniciar um debate sobre a aprovação de resoluções condenando governos por violações aos direitos humanos.

Para o Brasil, a prática de condenações não traz resultados e, portanto, uma alternativa precisa ser pensada para tornar o Conselho de Direitos Humanos (CDH) mais eficaz. A proposta é criar reuniões informativas para debater temas, mas sem adotar resoluções ou condenar governos. O Brasil acredita que o diálogo deve ganhar nova ênfase e resoluções acusatórias devem ser apenas um último recurso.

Mas nem todos estão de acordo. A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH)deixou claro ontem que é contra a proposta. “Não adianta dialogar com quem não quer falar”, alegou a entidade. “Todos concordam em manter canais abertos, mas, em caso de violação, não se pode passar a mão na cabeça dos governos. Cobranças são fundamentais para avançar.”

Outra instituição contrária é a Organização Mundial Contra a Tortura, que acusa o Brasil de ter abandonado alguns pontos da luta pelos direitos humanos em troca de alianças comerciais. Ontem, a entidade lançou um apelo para que o Irã solte 17 prisioneiros políticos que estão em greve de fome há dez dias.