Inserção profissional: aprendizado dentro da prática (IV)

Os destaques: Os projetos foram surgindo de questionamentos, como: "Porque será que a comunidade não está chegando à escola?". O espaço e o acervo da biblioteca eram amplos, mas pouco utilizados, "Como revitalizar a biblioteca?"; a escola possuía uma turma de classe especial, então "Classe especial ou inclusão??. Estudar o processo foi o desafio. "Como a escola está pensando, como pensa inclusive a rede estadual para que essas classes aconteçam?" Partir de uma problematização foi o passo inicial para a organização e desenvolvimento dos subprojetos.

Cada subprojeto foi construído por um grupo de alunas que, a partir da problematização buscou uma fundamentação teórica para seu objeto de trabalho, articulando esta ação com a proposta de gestão integrada da prática pedagógica no espaço da escola. As propostas foram apresentadas à pedagoga na ação supervisora e à diretora da escola e, depois de autorizadas, passaram a ser postas em prática.

Os subprojetos formaram uma rede de ações, sendo que cada um dos grupos, para desenvolver sua proposta articulou ações conjuntas. As futuras pedagogas/professoras, enquanto realizaram sua inserção profissional no espaço escolar e não escolar, foram gestoras em ações supervisora, orientadora e docente, o que contribuiu para a formação de sua identidade profissional.

Destacamos a ação integrada coordenada pelas responsáveis pelo subprojeto "Relação escola e comunidade" pela parceria com um grupo de alunos e o professor do Mestrado em Gestão Urbana, que estudava a região com a finalidade de compreender o entorno e as relações da escola com a comunidade. Esse subprojeto começou de uma maneira diferente: ele não iniciou indo à comunidade, mas sim das informações obtidas na secretaria da escola. A seguir, foram realizadas visitas ao clube de mães da região, aos projetos especiais e um diagnóstico foi sendo construído nas reuniões semanais com os demais grupos.

Do estudo da comunidade surgiu a parceria com o grupo que estudava o projeto pedagógico da escola, criando um espaço para trabalhar com os professores. Surgiu a questão: "Como organizar uma ação em que os professores tomassem conhecimento e começassem a discutir a importância da relação escola comunidade e do PPP da escola?". Mas para isso a questão de como reunir os professores era mais urgente.

Assim, enquanto os grupos da comunidade e projeto pedagógico organizaram o encontro de reflexão com os professores do período da manhã, o grupo responsável pelo estudo e mapeamento dos materiais pedagógicos disponíveis na escola organizou uma ação conjunta com os demais grupos para uma inserção docente. Enquanto iam atendendo o conteúdo que estava sendo trabalhado pelas professoras, as futuras pedagogas – professoras organizaram-se sob a coordenação do grupo de materiais pedagógicas para atuar com os alunos fazendo uso dos recursos disponíveis na escola.

O encontro com os professores foi outro aspecto significativo. Após uma mensagem inicial, o grupo mostrou a realidade do espaço em que atuavam, ou seja, a escola e seu entorno. A partir desse início, as professoras começaram a falar, a trazer depoimentos, a apresentar sugestões. Ao final, elas escreveram o que sentiram e a grande maioria solicitou que o grupo continuasse na escola. "Parabenizaram e solicitaram a continuidade." "Esse encontro nos fez refletir mais sobre as questões da vida e de nosso dia-a-dia." "Pensamos na escola." "Não conhecíamos o projeto pedagógico da escola", principalmente, devido à rotatividade dos professores. "Reuniões assim trazem benefícios para nós e para os nossos alunos." Esse foi o desafio a que no propusemos quando buscamos a inserção profissional do grupo de alunas uma escola estadual num espaço muito carente.

Paralelamente a essas atividades, ao dia-a-dia da escola íamos trazendo contribuições para a ação supervisora por meio de uma fala informal e, tanto o grupo da escola como nós,avançávamos na questão do entendimento da gestão integrada do processo pedagógico.

A revitalização da biblioteca foi um grande desafio. Depois de sua organização, criou-se um projeto de atendimento aos alunos, horários para o atendimento na biblioteca e um trabalho com os alunos envolvendo os respectivos professores das turmas.

Foi um trabalho voltado não apenas para a ação gestora, da administração, da organização do espaço escolar, mas, fundamentalmente, foi uma ação imbricada com a ação docente.

Todo essa prática profissional foi também um trabalho de conquista, tanto que terminamos nesse período, numa ação em que os alunos sempre partiam de uma problematização em seus projetos, definiam ações, buscavam fundamentação teórica, registravam as práticas e as reflexões, além de instituir o hábito de analisar os dados coletados com base nos estudos realizados.

No segundo semestre, com a seqüência do projeto de formação continuada atendendo às professoras da escola, após um resgate dos conhecimentos sobre formação continuada, surgiram os espaços apontados pelas futuras pedagogas/professoras. Foram criadas três oficinas para os professores, e para isso também foi necessário organizar o espaço envolvendo a docência. Assim outras parcerias foram realizadas, agora com as alunas do 6.º período do curso que faziam sua inserção na docência.

O grupo da creche, do Centro de Educação Infantil, fez parceria com a Enfermagem da PUCPR e conseguiu construir uma relação bem forte com a comunidade, atendendo muitas necessidades dos pais, em reuniões na escola. Era um espaço diferenciado que se abria. Para que o estudo do projeto pedagógico do centro de educação infantil acontecesse, também se fez uma parceria com as alunas do quinto período de pedagogia, que estavam fazendo a ação docente na educação infantil.

Nota: Trabalho apresentado no Congresso Internacional Educação e Trabalho: Representações Sociais, Competências e Trajetórias Profissionais Aveiro Portugal, maio/2005. 

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