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Índia enfrenta mudança de cenário nos negócios após Trump limitar imigração

Diante da ação do governo do presidente dos Estados Unidos Donald Trump de aumentar restrições à imigração, empresas indianas estão reduzindo os pedidos para vistos de trabalho nos Estados Unidos, levando funcionários de volta para o país de origem e tentando automatizar a maior parte do que fazem.

No último mês, Trump afirmou que quer alterar regras para aceitar trabalhadores estrangeiros altamente qualificados no país. As regras atuais têm gerado, segundo ele, “amplo abuso”.

Os vistos de trabalho deverão passar a ser concedidos apenas aos candidatos “mais qualificados e com maiores salários”, disse Trump.

Empresas de outsourcing da Índia estão entre as que mais possuem empregados com esse tipo de visto. Companhias de tecnologias norte-americanas como a Microsoft e o Google também usam esses vistos, mas normalmente recrutam empregados com habilidades raras e que recebem salários elevados.

Companhias indianas que mandam dezenas de milhares de trabalhadores aos Estados Unidos anualmente se candidataram para menos vistos este ano “devido ao medo e incerteza em torno da posição do governo Trump sobre imigração”, afirmou Shanon Stevenson, que trabalha com grandes empresas de tecnologia indianas como uma advogada especializada em imigração.

Algumas das empresas, as quais ela não quis nomear, estão enviando de volta os empregados indianos que já estão nos Estados Unidos.

A concessão dos vistos de trabalho, conhecidos pelo código H-1B, caiu 16% este ano, a primeira queda em cinco anos. Cerca de 85 mil vistos vinham sendo concedidos todos os anos, com muitos deles indo para indianos. Os vistos têm validade de três anos e o prazo pode ser estendido. Estima-se que mais de meio milhão de pessoas estejam hoje nos Estados Unidos com um visto do tipo H-1B.

Algumas empresas indianas têm visto oportunidades nas restrições de imigrações. Se os indianos forem forçados a voltarem para casa, as empresas de outsourcing não vão mais poder substituir essas pessoas, o que deve forçar essas companhias a terem sede na Índia, conforme afirmou Anand Mahindra, presidente de uma das maiores empresas de TI indianas, a Tech Mahindra.

“É uma chance para as empresas de software indianas mudarem seu modelo, o qual por muito tempo vem dependendo do envio de exércitos de indianos para os Estados Unidos”, acrescentou Mahindra.

O escrutínio sob o governo Trump é apenas o mais recente desafio envolvendo empresas indianas. Inteligência artificial, computação em nuvem e robôs hoje permitem que computadores façam muitas das tarefas rotineiras que eram realizadas por trabalhadores de TI em posições mais baixas. São tarefas como monitoramento de servidores, reinicialização de senhas e conserto de problemas básicos de computadores além de apoio tecnológico.

A tendência pela frente de que as empresas prestem mais serviços a partir da Índia por meio de automação, algo que vem emergindo lentamente nos últimos anos e que agora pode se acelerar. “Esperamos ver automação acelerada para que as empresas entreguem serviço aos clientes”, conclui David Rutchik, diretor executivo da Pace Harmon. Fonte: Dow Jones Newswires.

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