Húngaros protestam contra a nova Constituição

Dezenas de milhares de húngaros protestaram nesta segunda-feira contra a nova Constituição, a qual os críticos afirmam reduz direitos de cidadania e limita a democracia. Mas enquanto os protestos se alastravam pelo centro de Budapeste, o governo de centro-direita comemorava a entrada em vigor da Constituição em um evento de gala na ópera, informa a agência France Presse (AFP).

A manifestação, chamada “Teremos uma República de novo” foi organizada por grupos de defesa dos direitos civis. Os organizadores afirmam que 100 mil pessoas se reuniram no centro de Budapeste. Os críticos afirmam que a nova Constituição, que passou a vigorar em 1º de janeiro, ameaça a pluralidade da mídia, limita os poderes dos tribunais e acaba com a liberdade do judiciário.

A fúria dos manifestantes se dirigiu contra o primeiro-ministro Viktor Orban, reunindo socialistas, verdes e centristas. Ocorreram choques entre manifestantes e grupos neonazistas em alguns locais. As mudanças na Constituição da Hungria, aprovadas por dois terços do eleitorado em referendo em abril de 2011, atraíram críticas da União Europeia, dos Estados Unidos e da Anistia Internacional.

A nova lei estabelece a proteção ao feto desde o momento da concepção, o que os críticos afirmam que no futuro poderá permitir que o partido governista Fidesz, de direita, emende a Constituição proibindo o aborto. A Lei também não traz nenhuma menção a discriminações que pessoas possam sofrer por orientação sexual, religião, etnia, idade ou gênero. A Hungria possui uma minoria cigana significativa, que no passado sofreu discriminações.

“Nunca, desde 1989, quando a ditadura comunista foi esmagada, houve tanta concentração de poder no Leste Europeu como ocorre atualmente nas mãos do governo da Hungria”, disse um comunicado assinado por personalidades liberais locais, como escritor Gyorgy Konrad e o ex-prefeito de Budapeste, Gabor Demszky.

As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

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