Empresa em país emergente é mais ativa na corrupção

Companhias baseadas nos maiores países emergentes são as que mais praticam corrupção quando fazem negócios no exterior. A conclusão é apresentada em relatório da Transparência Internacional. As cinco últimas posições do levantamento são ocupadas por países em desenvolvimento. Entre as 22 nações analisadas, a Rússia obteve a pior nota (5,9), juntamente com China (6,5), México (6,6), Índia (6,8) e Brasil (7,4).

“O indicador dá evidência de que companhias de países exportadores importantes ainda usam a corrupção para conseguir negócios no exterior, apesar de saberem do impacto prejudicial sobre a reputação corporativa”, diz Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional, em comunicado.

Os 22 países analisados no levantamento respondem por 75% do fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) e das exportações globais. Os resultados foram obtidos a partir de entrevistas com três mil executivos que atuam em 26 países.

Os executivos da América Latina vêem as empresas da China com a maior probabilidade de agirem com corrupção quando atuam na região. No caso da Rússia, o levantamento mostrou que a forma mais praticada é o suborno de políticos de cargos elevados ou de funcionários públicos que podem acelerar procedimentos. Metade dos entrevistados afirmou que as companhias russas usam essas práticas.

Além disso, 30% dos pesquisados apontam que as empresas da Índia também utilizam a corrupção de funcionários públicos para conseguir resolver burocracias mais rapidamente. No México, a prática mais apontada é o uso de relações profissionais ou familiares para a obtenção de contratos públicos. No levantamento, os setores de construção, imobiliário e de óleo e gás aparecem como os mais expostos à corrupção.

Brasil

No Brasil, os partidos políticos são os mais expostos à corrupção, conforme levantamento da Transparência Internacional. Essa foi a entidade brasileira que recebeu a pior nota dos executivos entrevistados pela organização. Em seguida, aparecem a polícia e o Congresso. O Brasil ficou em uma das últimas posições no relatório sobre corrupção divulgado hoje em Londres. O País ocupa o 17º lugar entre 22 países, com nota 7,4 (a máxima é 10), empatado com a Itália.

O relatório de corrupção anterior da Transparência Internacional foi publicado em outubro de 2006. Na ocasião, o País ficou em 23º lugar entre 30 nações avaliadas.

Dos executivos entrevistados para o levantamento, 21% apontam que as empresas brasileiras usam o suborno a funcionários públicos para apressar procedimentos. O segundo tipo mais praticado pelas companhias do País é o uso de relações pessoais ou familiares para conseguir contratos públicos – 18% dos executivos citaram essa prática. Outros 17% disseram que as empresas subornam políticos de nível mais elevado para fazer negócios.

A maioria dos entrevistados (51%) diz que o governo brasileiro é “muito ineficaz” para combater a corrupção. Outros 22% afirmam que o governo é “ineficaz”. Apenas 3% avaliam que a luta contra as práticas é eficaz no País.

Bélgica e Canadá

A Bélgica e o Canadá são os países onde existe menos probabilidade de ocorrer corrupção nos negócios corporativos internacionais, aponta a Transparência Internacional. Esses dois países receberam as maiores notas, ambos com 8,8, no levantamento sobre corrupção divulgado hoje em Londres. Em seguida ficaram a Holanda e a Suíça, também empatados, com 8,7.

A Transparência Internacional destaca, porém, o fato de nenhum país ter conseguido a nota máxima (10) no relatório. “Isso significa que todas as economias mais influentes do mundo são vistas, em algum grau, exportando corrupção”, diz o documento. Por exemplo, 10% dos entrevistados afirmaram que as empresas canadenses usam relações pessoais ou familiares para conseguir vantagens quando operam no exterior.

A Transparência Internacional também mostrou que há pouco conhecimento sobre a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) contra a corrupção, adotada em dezembro de 1997. A entidade vê com “surpresa e preocupação” que 75% dos executivos entrevistados indicaram que não estão familiarizados com os termos da convenção.

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