Continente africano é dizimado pela Aids

Todo o continente africano e a região ao sul do Saara, em particular, está sendo dizimada pela Aids e os cientistas têm por enquanto poucas esperanças de frear o aumento dessa doença. A Aids avança também na Ásia a uma velocidade superior ao previsto, segundo fontes da ONU.

A população africana é dizimada de modo constante e inexorável a um ritmo cada vez mais veloz, que se desenvolve em progressão geométrica. Uma ou mais gerações já se perderam e alguns países, como Botsuana e Suazilândia, estão praticamente se extinguindo, enquanto pelo menos 11 milhões de crianças ficaram órfãs, pois seus pais morreram de Aids. As estatísticas indicam que dentro de seis anos os órfãos serão 20 milhões.

Cerca de 70% dos soropositivos registrados no mundo se encontram na África subsaariana, mas os habitantes dessa região são apenas 2% da população global. Isso significa que 1 de cada 11 africanos é soropositivo e desse total 60% são mulheres. No continente africano já morreram de Aids pelo menos 15 milhões de pessoas. Em 2002, houve 3,2 milhões de novos casos de infecção e 2,3 milhões de mortos.

Além de Botsuana e Suazilândia, onde os soropositivos são quase 40% da população adulta, as situações piores, segundo os percentuais, se registram em Zimbábue, Lesoto, Namíbia, Zâmbia, África do Sul (que em números absolutos tem o mais alto número de doentes, mais de 5 milhões) e Quênia (700 mortos por dia).

Em simpósio realizado em setembro passado em Nairóbi (Quênia), Stephen Lewis, representante especial do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, alçou sua voz contra a “grotesca obscenidade” de um mundo que obteve US$ 200 bilhões para a luta contra o terrorismo e não o dinheiro necessário para deter as conseqüências da Aids na África.

Nesse continente, uma tragédia específica afeta as mulheres, vítimas de situações de particular violência: estupros durante guerras tribais, repúdio dos homens em usar preservativos, poligamia, viúvas obrigadas a casar com parentes do marido morto de Aids depois de tê-las infectado e, além disso, a difundida e dramática crença popular segundo a qual um soropositivo se cura se tem relações sexuais com uma virgem.

China e Índia têm aumento de casos acima do previsto

Na Ásia, por sua vez, a Aids também avança a uma velocidade superior ao previsto e especialistas temem que possa provocar a morte de dezenas de milhões de pessoas em poucos anos, dado que nesse continente vivem 60% da população mundial. Só China e Índia somam mais de 2 bilhões de habitantes.

No continente asiático se registraram até agora 7 milhões de infecções, com um milhão de novos casos em 2002. O temor é que o número real seja superior ao registrado, pois em várias regiões são escassos os centros médicos e não é possível fazer o levantamento preciso. A China e a Índia são países superpovoados, com centenas de milhões de habitantes em condições de extrema pobreza e sem assistência sanitária.

Dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde chinês indicam que a Aids no país tem difusão superior à admitida pelas autoridades. Só na primeira metade de 2003 houve um aumento de 17% de casos da doença. A ONU prevê para 2010 que os casos chegarão a 10 milhões se não forem tomadas medidas urgentes.

Mais grave ainda é o caso da Índia, onde os soropositivos são 4 milhões e se registra uma taxa de aumento da doença que faz temer um total entre 20 e 25 milhões para 2010. Nesse quadro desolador, o único dado positivo vem do compromisso da indústria farmacêutica indiana na produção de remédios anti-Aids, vendidos a um terço do preço dos remédios do Ocidente.

Um grupo de grandes empresas químicas indianas propõe, além disso, a distribuição de seus produtos em outros países da Ásia, entre eles Tailândia e Myanma, e também da África.

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